Um estudo conjunto de 2015, que reuniu a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (UC), a Universidade de Emory (EUA), o Max Planck Institute (Alemanha) e a Universidade da Islândia revela que 8% dos adolescentes portugueses apresentam sintomas depressivos e 19% correm riscos de desenvolver depressão.
Os pais são os primeiros a poder dar conta dos sinais da doença e a ajudar os filhos a ultrapassarem o problema. Um artigo do Child Mind Institute, sedeado em Nova Iorque, explica que há sintomas que não se deve ignorar. Perceba se o seu filho apresenta alguns:
- Tristeza ou irritação ao longo da maior parte do dia, quase todos os dias da semana e durante mais de uma semana;
- Perda de interesse por situações ou atividades que antes apreciava
- Alteração dos hábitos de alimentação e sono
- Falta de energia e motivação para fazer quase tudo
- Descrédito relativamente ao futuro
- Falta de autoestima
- Sensação de culpa por fatores que não pode controlar
- Dificuldade de concentração e quebra do rendimento escolar
- Pensamentos suicidas
Os especialistas ouvidos pelo Child Mind Institute dizem que, se o adolescente revelar alguns desses sintomas, pode estar com uma depressão e isso requer o apoio de um especialista. Mas há algumas coisas que os pais podem fazer JÁ.
Seja solidário
Uma das coisas mais importantes quando se tem um filho adolescente é investir na profundidade da relação entre ambos. “Tente criar empatia e compreensão, colocando-se no lugar do seu filho”, aconselha o artigo do instituto norte-americano, lembrando que nesta altura não deve cultivar nenhum tipo de deceção em relação ao adolescente. Ele está paralisado nesse estado e não é por falta de vontade que não consegue fazer melhor.
Deixe-o desabafar
É importante não se mascarar nada. Tente fazer perguntas sobre o humor do adolescente, evitando a sua própria emotividade. “Mesmo os pais com as melhores intenções, muitas vezes, não percebem que a sua preocupação pode parecer crítica e não genuína”, dizem os especialistas. Ouvir sem julgar ajuda a que ele o veja como aliado.
Incentive-o a agir, mas sem pressão
Tente sugerir algumas atividades – ainda que bem simples – sem parecer que está a criticar a sua inércia. Por exemplo, “em vez de dizer: ‘Querida, devias levantar-te da cama e fazer qualquer coisa – porque não ligas a uma amiga?”; tente antes: “Vou ao shopping comprar um livro. Será que queres vir comigo?” Para alguns pais este tipo de atitude pode parecer algo passivo, “mas estar lá para o seu filho e mostrar-lhe que o aceita, forte ou fraco, é exatamente o que ele precisa agora”.
Acentue tudo o que for positivo
“Certifique-se de que aprecia e valoriza as coisas positivas que o seu filho adolescente continua a fazer. Por exemplo, apesar da forma como ele se sente, ainda desempenha determinadas tarefas em prol de todos. Tudo isso são coisas boas e é importante reconhecê-las”. Por outro lado, não exprima o seu desapontamento pelo facto de ele parecer desinteressado de tudo. “Provavelmente ele também se sente desapontado, não precisa que lhe recordem”, lembram os especialistas.
Procure um tratamento
Alguns adolescentes vão concordar em fazer terapia, outros não. Se o seu filho é dos resistentes, dê-lhe tempo. No entanto, “vão falando do assunto e vá mostrando, com tranquilidade, que está à espera que ele esteja preparado”. Nunca o deixe duvidar da sua disponibilidade total para o apoiar. Outra regra de ouro: “O seu filho pode pedir para você ser menos interventivo. É a uma forma de dizer que precisa de espaço”. Se ele lhe pedir ajuda, faça o seu trabalho de casa. Identifique dois ou três especialistas e diga-lhe que ele pode escolher o médico com que se sentir mais confortável.
Embora a terapia possa ser eficaz para tratar uma depressão moderada, os melhores resultados geralmente são obtidos com uma combinação de medicação e terapia. “Nesse caso, é altamente recomendável uma consulta com um pedopsiquiatra (em vez de um médico de clínica geral)”.
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