“A Casa de Acolhimento de Santo António, que só tinha rapazes, encerrou na quarta-feira e o encerramento da Casa de Acolhimento de Nossa Senhora da Conceição, que acolhe raparigas, deve ocorrer em setembro”, disse a provedora da SCMP, Luísa Moreira.
De acordo com a responsável, esta medida foi tomada porque a SCMP não possui técnicos habilitados para desenvolver uma resposta adequada junto dos menores, nem possui verbas para esse tipo de respostas.
“O que estava a ser feito com os miúdos [casa de acolhimento de rapazes] não era verdadeiro acolhimento, aquilo estava um caos, os miúdos não iam às escolas, não havia técnicos de facto habilitados”, disse.
“Estes miúdos, estes jovens, precisam de acompanhamento de especialistas, precisam de terapia, precisam de psicólogo, precisam de professores do ensino especial e a Santa Casa não tem dinheiro para pagar a estes técnicos e, entendeu, que não fazia sentido continuar com um trabalho que não era verdadeiro porque não estava a prestar aos jovens o verdadeiro apoio que eles necessitavam”, acrescentou.
Reportando-se a informações recolhidas junto da PSP de Portalegre, Luís Moreira revelou ainda que, segundo as autoridades, o “maior perigo na cidade” em matéria de criminalidade provinha da Casa de Acolhimento de Santo António, que acolhia jovens com idades entre os 9 e os 17 anos.
“Havia consumos, havia adições, cenas de violência incríveis, furtos. Os miúdos também não têm culpa, não estou a dizer que eles são os responsáveis, o grande responsável é a SCMP que não tinha condições para lhes dar aquilo que eles precisavam”, disse.
Luísa Moreira explicou ainda que cada uma das casas de acolhimento, situadas em espaços diferentes em Portalegre, estavam a ser financiadas pelo Estado para poder acolher 30 jovens, estando nesta altura apenas 12 menores na casa de acolhimento dos rapazes e 14 na casa de acolhimento das raparigas.
De acordo com a provedora da instituição, os dois edifícios que serviam para acolher os menores pertencem à Segurança Social, entidade que está também nesta altura a distribuir os jovens por outros espaços de acolhimento no país, tendo também alguns deles regressado às suas casas.
Em relação aos 30 funcionários que trabalham nas duas casas de acolhimento, Luísa Moreira explicou que são trabalhadores da SCMP, estando nesta altura a decorrer conversações com “cada um deles” para se perceber “o que querem fazer” no futuro.
“Nós temos trabalho noutras respostas, a SCMP tem muitas respostas. Quem não quer ir para outras respostas e prefere ir para o despedimento, far-se-á o despedimento por extinção do posto de trabalho”, disse.
A provedora da SCMP explicou ainda que os dois edifícios onde estão instaladas as casas de acolhimento pertencem à Segurança Social, desconhecendo nesta altura o destino que vai ser dado aos imóveis.
“Esta decisão [encerramento] não é contra as casas, é exatamente na linha que vem sendo adotada pela Europa inteira, pois já se provou que este tipo de casas não está a dar resultados, tanto que as próprias opções políticas são de fazer casas com unidade muito mais pequenas, nunca mais de 15 jovens, de idades muito mais próximas”, disse.
A SCMP geria as duas casas de acolhimento desde 2014, mas as mesmas estavam em funcionamento em Portalegre há vários anos, sendo geridas por outras entidades.
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