Em declarações aos jornalistas à porta da Escola Básica e Secundária de Canelas, onde no interior decorre um plenário de trabalhadores convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN), o diretor do agrupamento, Artur Vieira, avançou que as escolas fechadas abrirão na quinta-feira, "graças a uma garantia e mostra de boa vontade do Governo".

"[O Governo] comunicou-me que atribuiu a este agrupamento 35 horas para poder fazer a contratação de tarefeiros. Ontem [terça-feira] tive a garantia do senhor ministro [Tiago Brandão Rodrigues] de que poderei colocar 10 pessoas a tempo parcial. Não é suficiente, não resolve, mas estou otimista. Numa primeira fase servirá para colmatar algumas situações menos boas", disse Artur Vieira.

O Agrupamento de Escolas de Canelas, no concelho de Gaia, distrito do Porto, reúne 11 estabelecimentos escolares de vários graus de ensino, entre os quais a escola sede que tem cerca de 1.500 alunos.

Em maio, Artur Vieira descreveu à Lusa que o número de auxiliares de ação educativa atribuído a todo o agrupamento era de 56, faltando 13, sendo que a escola sede absorvia 21 e descreveu situações em que uma escola básica, com cerca de uma centena de alunos, tem apenas um funcionário.

Já na segunda-feira, à Lusa, o diretor do agrupamento apontou que aguarda a chegada de dois auxiliares que serão colocados por concurso, mas reivindicou a colocação de "pelo menos mais oito", contando que tem atualmente 14 auxiliares ausentes por baixa, aposentação ou mesmo devido a um desaparecimento.

A falta de funcionários tem motivado várias ações de protesto, quer da direção da escola, quer de sindicatos, como de associações de pais, sendo que hoje as 11 escolas estão encerradas.

Artur Vieira confirmou hoje que a 02 de outubro ficará concluído o processo de recrutamento de novos trabalhadores, recebendo os tais dois novos auxiliares a tempo integral, e avançou que no dia seguinte vai estar em condições de recorrer à bolsa de recrutamento anunciada pelo Governo.

"Pela primeira vez em Portugal haverá substituição de novos funcionários como se faz com os professores. Todos os funcionários que tenham atestado acima de 30 dias declarado podem ser substituídos", referiu.

Face às garantias da tutela tornadas hoje públicas, Artur Vieira avançou que as escolas vão reabrir na quinta-feira, admitindo, contudo, que "o perigo continua porque a solução não é definitiva", mas defendendo que deve ser dada "uma resposta ao ato de boa vontade do Ministério da Educação".

"Amanhã [quinta-feira] vamos usar a lista de candidatura do ano passado e vamos começar a chamar [tarefeiros de imediato]. Amanhã mesmo teremos os 10 tarefeiros porque não é necessário fazer o concurso. A lista ainda é válida", explicou Artur Vieira.

Entretanto o plenário convocado pelo STFPSN decorre no interior da escola, constando da ordem de trabalhos vários pontos, desde a discussão sobre a falta de assistentes operacionais nas escolas de Canelas, bem como aumentos salariais e questões ligadas à avaliação de desempenho.

Aos jornalistas, um responsável do STFPSN, Orlando Gonçalves, comentou a garantia dada esta manhã pelo Governo, criticando o facto de não ser definitiva.

"É uma solução que o Governo encontrou para acalmar os pais e os funcionários desta escola, mas não é uma solução definitiva para o problema que aqui existe. Tarefeiros não é dignidade nenhuma ao trabalhador. O Governo não devia promover a precariedade", disse.