A perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) é uma perturbação neurológica crónica. As primeiras descrições da doença datam do século XVIII, mas o diagnóstico formal, de acordo com os organismos internacionais de classificação de doenças psíquicas, tem pouco mais de 30 anos. Em Portugal, atinge mais de 80 mil crianças. No entanto, é de salientar que, havendo sempre défice de atenção, nem sempre existirá hiperatividade. «Existem diversos tipos de PHDA, com índices de gravidade diversos», diz Ana Serrão Neto, médica pediatra, habituada a lidar com este tipo de situações.
A coordenadora do Centro da Criança do Hospital Cuf Descobertas, em Lisboa, alerta que «uma criança com hiperatividade não é o mesmo que uma criança mais ativa ou irrequieta». As crianças com PHDA perturbam a sala de aula e a vida familiar. São alvo de zangas e reprimendas constantes, têm dificuldades de aprendizagem, o que as torna infelizes. Em consequência dessa marginalização, muitas acabam por ser vítimas de bullying. A especialista diz ser fundamental um diagnóstico bem feito e um acompanhamento individualizado.
«Há muitas estratégias práticas que podem ser adotadas tanto na escola como em família, com melhoria significativa da qualidade de vida para todos. A intervenção comportamental é fundamental», aconselha Ana Serrão Neto. No entanto, nem todas as crianças necessitam de medicação farmacológica, mas as que têm essa indicação conseguem reduzir muito as manifestações de PHDA, como muitas vezes sucede. «Se forem bem acompanhadas, tornam-se adultos bem sucedidos», afirma a especialista.
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