Em média, os telefones das Linhas SOS-Criança tocaram 223 vezes por mês, 11 vezes por dia e uma vez por hora, sendo a maioria das chamadas feitas por adultos, principalmente mulheres (1.663 telefonemas), segundo dados do Instituto de Apoio à Criança (IAC) avançados hoje à agência Lusa.

“Apesar de as crianças telefonarem, a maior parte dos apelos (2.528) são feitos por adultos”, refere o IAC, acrescentando que a maior parte das situações denunciadas está relacionada com raparigas.

A idade das crianças referidas nos apelos distribui-se entre os meses e os 18 anos, registando-se um “ligeiro acréscimo de apelos relativos a situações de jovens adolescentes, quando comparados com as restantes idades”.

Dos casos relatados a este “serviço anónimo e confidencial que pretende dar voz à criança”, 280 foram relativos a situações de crianças em risco, 215 a casos de negligência, 166 a situações de maus-tratos na família, 130 a maus-tratos psicológicos na família e 107 a questões relacionadas com a regulação do exercício das responsabilidades parentais.

Contudo, a maioria dos telefonemas (890) foi feita por pessoas que apenas queriam “falar com alguém”, observa o IAC, sublinhando que o SOS-Criança “continua a ter um papel de extrema importância no que diz respeito à ajuda em tempo útil às crianças”.

A maior parte dos apelos chega do distrito de Lisboa (652), seguindo-se os Açores (575), Viseu (272), Porto (218), Setúbal (158), Faro (51) e Aveiro (45 apelos). Nos restantes distritos do país os pedidos foram inferiores a 40.

Em 1.551 apelos realizados para o SOS-Criança havia relação direta com a criança, enquanto nos restantes quem telefonava, apesar de conhecer a existência da situação, não tinha nenhuma proximidade com o menor envolvido.

Os dados adiantam que 425 situações relatadas referiam-se a menores que vivem em famílias monoparentais e 411 em famílias tradicionais. Houve ainda 201 casos relativos a crianças a viver em famílias reconstruídas e 140 em famílias alargadas.

Relativamente à relação que quem pede apoio tem com a criança, são as mães (275) quem mais apela ao SOS-Criança, seguidas dos vizinhos (250), dos avós (190), dos pais (166) e dos cidadãos em geral (148).

A família socorreu-se deste serviço 748 vezes, a comunidade 517, a criança 101 vezes e os profissionais 56 vezes.

Nos apelos, o presumível infrator foi identificado 1.039 vezes, mas em 106 casos não foi possível identificá-lo. “Apurou-se que o infrator era do género feminino em 730 situações e do género masculino em 444 situações”, realçam os dados.

A segunda-feira é o dia da semana que apresenta um aumento de pedidos em relação à média (602), indicam os dados, acrescentando que a maior das chamadas (2.044) teve a duração de um a 10 minutos (2,044), mas há casos em que ultrapassam os 90 minutos (quatro).

A intervenção do serviço situou-se ao nível da informação em 813 apelos, do apoio em 699, da orientação 687 e do encaminhamento em 542 casos.

A Linha SOS-Criança foi criada em 1988 e até hoje já recebeu mais de 120 mil apelos.