O presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ) alertou hoje para a necessidade de reconhecimento das competências adquiridas com o voluntariado e a educação não formal, em que apostam organizações como os Escoteiros de Portugal.
“O escutismo tem em si mesmo a expressão do voluntariado e a metodologia da educação não formal”, frisou José Filipe Sousa, ao intervir na sessão de abertura do acampamento que assinala o centenário da criação do primeiro grupo de escoteiros em Portugal e que junta até domingo cerca de 1700 jovens de vários países em Oliveira de Frades.
Segundo José Filipe Sousa, “não é fácil ser-se voluntário em Portugal, os desafios da conciliação entre a vida profissional ou escolar e o voluntariado são imensos”.
Lamentou que nem todos os dirigentes voluntários tenham “possibilidade de exercer o seu trabalho voluntário, porque à grande parte dos mesmos não se lhes aplicam estatutos como o de dirigente associativo”.
Neste âmbito, defendeu ser “necessário reconhecer e valorizar o tempo dispendido em prol das atividades voluntárias”.
José Filipe Sousa disse também ser fundamental “o reconhecimento da educação não formal e das competências que através dela são obtidas”.
Isto porque, no seu entender, “é uma ferramenta poderosa de transmissão de saberes, de conceitos, de conhecimentos e de práticas alicerçadas em atividades lúdico-pedagógicas e métodos não formais de aprendizagem, que têm tido grande resultado entre os jovens”.
O presidente da Associação de Escoteiros de Portugal, Nélson Raimundo, frisou que, num país onde se fala muito da crise e são apontadas como soluções “o empreendedorismo e a iniciativa, a participação cívica e o aumento da qualificação dos jovens”, os escoteiros oferecem uma resposta social atual.
“Somos um espaço de educação não formal, que promove competências e atitudes fundamentais para a vida, como a liderança e a auto-confiança, o respeito pelos outros e pela diferença, a participação cívica e o voluntariado”, explicou.
Neste âmbito, Nélson Raimundo disse ser “fundamental continuar a trabalhar na definição de políticas de juventude capazes de envolverem efetivamente os jovens” na tomada de decisões.
“Uma política de juventude que promova a educação não formal e que reconheça as competências que são por ela desenvolvidas e que a escola não consegue desenvolver, uma política que valorize e reconheça o voluntariado, que é tantas vezes referido como algo fundamental para a sociedade portuguesa, mas que infelizmente não se traduz esse reconhecimento em algo de palpável”, sublinhou.
Na sessão estava o adjunto do secretário de Estado do Desporto e Juventude, André Pardal, que garantiu que o Governo “partilha todas as preocupações” referidas por José Filipe Sousa e Nélson Raimundo.
“O voluntariado, o empreendedorismo jovem, a liberdade individual, a participação cívica, tudo isso são prioridades para este Governo na área da juventude”, afirmou, dizendo, no entanto, haver “um senão”, as dificuldades financeiras que o País atravessa.
Fonte: Lusa
2 de agosto de 2011