O livro apela à "amizade, entreajuda, força e esperança" e tem um caráter educativo, "emotivo e apelativo", revelou à Lusa a investigadora Sónia Costa, autora da obra.
Conta a história de duas enguias, Angui e Luna, "que partem do mar dos Sargaços rumo ao rio Minho, regressando anos mais tarde".
"Ao longo da viagem, as duas enguias vão viver algumas aventuras e vão cruzar-se com outros animais com os quais trocam experiências que revelam ao leitor algumas características do ciclo de vida desta enigmática espécie", explicou.
A enguia foi escolhida como protagonista da história por ser pouco conhecida e uma das espécies mais ameaçadas a nível mundial, "à qual nem sempre se tem dado a devida atenção".
O livro tem como objetivo dar a conhecer esta espécie (a enguia-europeia), que passa por vários tipos de ambiente ao longo da sua vida - mar, estuário e rio -, bem como alertar para algumas ameaças a que está sujeita, como as barreiras construídas nos cursos de água, a sobrepesca e a pesca furtiva.
A pesca do meixão (fase juvenil da enguia, também conhecida como enguia-de-vidro), "frequentemente capturado de modo ilegal" e com um preço de venda elevado, é também explorada no livro.
Na obra, a autora aborda ainda temas relacionados com os derrames de petróleo e o lixo marinho.
O livro começou a ser escrito no final do verão de 2013, tendo levado dois anos a ficar concluído.
Por ser um livro desenvolvido para crianças entre os 6 e os doze anos, a investigadora considerou que a existência de imagens "era muito importante para captar a sua atenção", tendo sido a parte da ilustração a mais demorada do projeto.
"Tentei que os desenhos ilustrassem os momentos mais marcantes da história, mas sem nenhuma pretensão de ter o rigor e técnica de um ilustrador, pois foram todos feitos de forma amadora e autodidata", esclareceu.
A inspiração para o livro surgiu durante o projeto "ECORISK - Ecological risk assessment of oils and hazardous and naxious substances in the NW Portuguese coast", realizado no CIIMAR e finalizado em junho de 2015.
Este projeto tinha como objetivo avaliar o risco ecológico de potenciais derrames de petróleo e de outras substâncias, consideradas "perigosas e nocivas", na costa portuguesa.
O ECORISK foi cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Norte (ON.2 - O Novo Norte), ao abrigo do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
No projeto, para além da investigação na área de Ecotoxicologia (ramo da toxicologia orientado para o estudo de efeitos tóxicos causados por poluentes naturais ou sintéticos, sobre quaisquer constituintes dos ecossistemas), Sónia Costa era também responsável pela produção de materiais educativos.
"Foi nesse contexto que surgiu a ideia de escrever um livro dirigido aos mais novos e que, de forma lúdica e divertida, promovesse aprendizagens significativas e fomentasse a curiosidade e interesse pela espécie escolhida, a enguia", concluiu a investigadora.
O livro vai ser apresentado na quarta-feira, pelas 17:00, no Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Matosinhos.
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