“A adesão está entre 85 e 90%, mas ainda não há dados fechados. Há centenas e centenas de escolas fechadas e há distritos muito afetados como Santarém, Évora e Castro Verde”, disse à agência Lusa Artur Sequeira, da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS).

Os funcionários das escolas fazem esta sexta-feira (03/02) greve para exigir, entre outros aspetos, a negociação da criação de uma carreira especial, mas também mais recursos humanos nas escolas, com os sindicatos a estimarem uma carência de, no mínimo, 2.000 auxiliares.

“Hoje ouvimos a secretária de Estado da Educação na rádio e o nível de propostas que coloca não altera em absolutamente nada. Concorda que há problemas, que há uma portaria de rácios que é má e tem de ser corrigida, que há poucos trabalhadores, mas há uma série de mas”, afirmou Artur Sequeira.

A adesão dos funcionários das escolas na região do Algarve é "das maiores dos últimos tempos", com o concelho de Albufeira a ser um dos mais afetados, disse Rosa Franco, do Sindicato da Função Pública do Sul. Em Albufeira, "todas as escolas e jardins de infância encerraram", com uma adesão à greve de 100%, mas nos restantes concelhos do Algarve os níveis de adesão também foram elevados, entre os 80% e os 90%.

Cenário semelhante no Alentejo

No distrito de Beja, "60% das escolas estão fechadas, 30% a funcionar a meio gás e 10% provavelmente a funcionar na totalidade", disse à agência Lusa o coordenador do Alentejo da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP), Joaquim Grácio.

"Há escolas a funcionar a meio gás porque os diretores dos agrupamentos resolveram enviar algumas turmas de alunos para casa e deixar outras a ter aulas, consoante o número de funcionários que não aderiram à greve e estão a trabalhar", explicou o sindicalista.

100 escolas encerradas no Centro

Só no centro do país, "são já mais de 100 escolas encerradas", afirmou à agência Lusa o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (STFPS) do Centro Carlos Fontes, sublinhando que só no distrito de Coimbra foram contabilizadas "cerca de 45 escolas" fechadas devido à greve dos funcionários.

No distrito do Porto, num balanço feito cerca das 10h30, após os horários de entrada de funcionários das 08h00 e das 09h00, estavam 40 escolas encerradas, enquanto em Vila Real o cenário era de 11 escolas fechadas, em Braga oito e em Bragança cinco.

"São várias escolas fechadas e outras com constrangimentos. Temos relatos de escolas que abriram, por decisão do diretor, mas que estão a funcionar com poucos funcionários. Uma escola de 1.200 alunos, por exemplo, está aberta com quatro funcionários o que é manifestamente insuficiente", referiu à Lusa Telmo Teixeira, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN).

Em declarações anteriores à Lusa, também a Federação Nacional da Educação (FNE) tinha estimado uma adesão à greve a rondar os 90%.

A FNE, que para além de docentes também representa funcionários escolares, entregou o pré-aviso de greve a 19 de janeiro, um protesto também apoiado FNSTFPS e pela Federação dos Sindicatos da Administração Pública (FESAP).

Um dos problemas ao qual os sindicatos querem que a tutela dê resposta é a substituição de funcionários com contratos emprego-inserção (CEI) e ‘tarefeiros’ pagos à hora (com valores que rondam os 3,5 euros/hora), por funcionários com formação adequada à função que desempenham na escola e com um vínculo permanente.

Querem também negociar carreiras especiais, descongelar progressões na função pública, rever os rácios para atribuição de recursos humanos às escolas e ver a descentralização de competências para as autarquias esclarecida.

Na quinta-feira, na conferência de imprensa do Conselho de Ministros, depois de questionado pelos jornalistas, o ministro da Educação admitiu ser preciso reforçar ainda mais o pessoal não docente nas escolas, porque apesar de tecnicamente os assistentes operacionais serem em número adequado é necessário dar resposta ao problema das muitas baixas médicas.