Fátima Nunes, de 48 anos, mãe de um aluno que frequenta a Escola Básica Cidade de Castelo Branco, do Agrupamento de Escola Nuno Álvares, foi surpreendida às 08:30, quando se preparava para deixar o filho no estabelecimento de ensino.

"Tive de faltar ao trabalho para ficar com o meu filho. Acho muito mal porque causou transtornos. Os professores têm o direito de fazer grave, mas quando é assim prejudica muito", afirmou à agência Lusa.

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Mãe e filho enfrentaram a chuva e seguiram rua acima, a pé, até entrarem num café que fica nas proximidades do estabelecimento de ensino.

Já a jovem Filipa Minhós, aluna do 8º ano, mostrava com um sorriso a sua satisfação por não ter aulas, apesar de se deslocar diariamente de autocarro, da aldeia de Escalos de Baixo para Castelo Branco. "Não tivemos aulas. Agora, vou aproveitar para dar um passeio pela cidade", disse.

A jovem estudante, que se fazia acompanhar pelos irmãos, Mafalda e Eduardo Paulino, ela a frequentar o 8º ano e ele o 7º ano, ambos residentes em Castelo Branco, aproveitaram a ausência de aulas para passear pela cidade.

Concentrados à porta

Já na Escola Secundária Nuno Álves (ESNA), sede do agrupamento com o mesmo nome, os alunos que não tiveram aulas estavam concentrados à porta, outros deslocaram-se para os cafés que se encontram nas proximidades.

À Lusa, Dulce Pinheiro, da delegação de Castelo Branco do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC), fez um ponto da situação no distrito às 12:30.

Segundo esta responsável, a greve regista níveis de adesão "muito significativos", com dezenas de escolas do 1ºciclo e jardins de infância sem aulas e outras com percentagens de adesão "muito elevadas", entre os 20 e os 80%.

"A Escola Cidade de Castelo Branco está mesmo encerrada, não abriu às 08:30. Claro que é sempre possível mais e melhor. Mas, a adesão [distrito de Castelo Branco] demonstra de uma forma muito clara a insatisfação com o Ministério da Educação", afirmou.

Dulce Pinheiro sublinhou que os professores "não vão ficar quietos nem calados" e adiantou que os resultados, embora ainda provisórios, são um bom indicador para a manifestação que irá decorrer no terceiro período.

"Este é um forte indicador de que vai ser uma grande manifestação para demonstrar a nossa indignação ao Governo", frisou.

A sindicalista reafirmou que os professores enquanto funcionários públicos, contestam a "discriminação" que o Governo está a fazer.

"Não aceitamos ser tratados de forma diferente. Temos tido flexibilidade no processo negocial, mas não abdicamos da contagem integral do tempo de serviço. Não podemos deixar cair um único dia de serviço. Os professores cumpriram com todas as suas obrigações", concluiu.

Quanto aos dados mais relevantes no distrito, destaca-se o encerramento da Escola Cidade de Castelo Branco, a Escola Faria de Vasconcelos registou uma percentagem de adesão de 56%; a Escola João Roiz, 40%; Escola Amato Lusitano, 47%.

A Pêro da Covilhã teve uma adesão de 35%; a EB Nº2 do Paúl, 62,5%; EB nº2 do Teixoso, 63% e EBI de São Domingos, 80%.

A greve foi convocada pelas dez estruturas sindicais de professores que assinaram a declaração de compromisso com o Governo, entre as quais as duas federações - Federação Nacional de Educação (FNE) e Federação Nacional dos Professores (Fenprof) - e oito organizações mais pequenas.

A greve arrancou na terça-feira nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém e na região autónoma da Madeira, na quarta-feira concentrou-se na região sul (Évora, Portalegre, Beja e Faro) e está hoje na região centro (Coimbra, Viseu, Aveiro, Leiria, Guarda e Castelo Branco).

A paralisação termina sexta-feira na região norte (Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança) e na região autónoma dos Açores.