Minutos depois do toque de entrada, alguns estudantes começaram a sair da Escola de São Pedro, uns surpreendidos pela adesão à greve dos professores, outros já à espera.

Lá dentro, em várias salas, era dia de teste, pelo que os docentes optaram por não aderir à paralisação regional que chegou hoje ao Norte do país.

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Catarina, de 16 anos e que frequenta o 10.º ano, não teve a aula de geografia e afirmou à agência Lusa que foi uma “grande surpresa”, já que aquele professore não costuma faltar. Conjuntamente com as colegas de turma, Jessica e Ana, disse que ia aproveitar para passear um pouco até à próxima aula.

Jorge, de 15 anos e também do 10.º, referiu que já estava à espera de não ter aulas à primeira hora. “Não sei muito bem as razões da greve, mas acho que os professores fazem bem. Agora vou aproveitar para me divertir um pouco”, salientou.

Alexandre Fraguito, do Sindicato dos Professores da Zona Norte, disse que esta greve devia envolver todos os professores porque se trata de um problema transversal a todos.

Falta de consenso sobre a contagem do tempo de serviço

A greve teve como principal motivação a falta de consenso sobre a contagem de todo o tempo de serviço, no processo de descongelamento das carreiras da Função Pública.

“Se este tempo não for contado não vai haver a possibilidade de os professores chegarem ao fim da carreira. Com esta medida nenhum professor vai chegar ao topo da carreira. No meu caso, que trabalho há 20 e a tal anos, para atingir o topo da carreira teria de trabalhar até aos 75 anos”, afirmou à Lusa.

O dirigente referiu não possuir ainda dados da paralisação em Vila Real, mas considerou que a adesão à greve está a ser mais visível nos centros escolares.

A greve de professores, que sob a forma de paralisações regionais percorreu todo o país, termina hoje, com a paralisação a afetar no quarto e último dia as escolas do norte e da região autónoma dos Açores.

A tutela admite descongelar dois anos e dez meses de tempo de serviço aos docentes, mas estes não desistem de ver contabilizados os nove anos e quatro meses, embora admitam um processo faseado.

A greve foi convocada pelas dez estruturas sindicais de professores que assinaram a declaração de compromisso com o Governo, em novembro, entre as quais as duas federações - Federação Nacional de Educação (FNE) e Fenprof - e oito organizações mais pequenas.