"Estas meninas engravidaram ‘quase sem querer', sobretudo porque precisavam de alguém que lhes desse amor, atenção, companhia, segurança", sustenta Dina de Carvalho.

 

A tese está no livro "Aquela pequena vírgula é meu filho! A Experiência da Gravidez na Adolescência", de Dina de Carvalho, obra baseada no seu doutoramento.

 

O doutoramento envolveu 11 hospitais e 70 histórias de vida, incluindo entrevistas às jovens e depoimentos dos respetivos namorados e mães.

 

O estudo considera "fundamental o envolvimento sistemático do pai do bebé nos desafios da parentalidade" e enquanto dinamizador da adaptação da adolescente à gravidez.

 

"É a entrada precoce no mundo dos adultos, que projeta estas mães e pais para novas descobertas, desafios, responsabilidades e contextos de interação e atuação que não são característicos da sua faixa etária", diz Dina de Carvalho.

 

Acrescenta que são muitas as adolescentes que já passaram por aquele tipo de experiência, "sentindo certamente os mesmos medos, dúvidas, pânico e preocupações".

 

A autora espera que a sua obra contribua para sensibilizar a comunidade e alertar consciências sobre a dificuldade que é ser mãe adolescente.

 

A publicação científica procurou dar voz a estas jovens, em particular o que pensam da maternidade e os seus projetos futuros. Dentre as múltiplas narrativas de experiência, há respostas "perturbantes".

 

"Por exemplo, para muitas adolescentes, a família que gostariam de ter é chegar a casa da fábrica e encontrar na mesa um copo de leite ou uma tigela da sopa para aquecer", refere a cientista social.

 

Lusa