Em declarações à agência Lusa, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade explicou que foi alertada para o caso por duas pessoas ciganas, na noite de segunda-feira, e que, logo de imediato, tomou as “devidas providências para que a CICDR e o ACM [Alto-Comissariado para as Migrações] recolhessem mais informação no sentido de clarificar o que era o inquérito”.

O caso surge hoje nas páginas do Jornal de Notícias, que revela que, em várias escolas de Lisboa e do Porto, foram entregues aos alunos e famílias inquéritos em que, entre outras perguntas, havia questões sobre as origens dos pais, nomeadamente se algum deles tinha origem “portuguesa, cigana, chinesa, africana, Europa de Leste, indiana, brasileira”.

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“Esta questão é inaceitável sobre vários pontos de vista. Sobre o ponto de vista metodológico porque apresenta uma tipologia inaceitável, absolutamente incorreta e desde logo porque viola a lei da proteção de dados e viola a lei da não discriminação”, apontou a secretária de Estado.

Rosa Monteiro adiantou que, além do inquérito que está a correr na Direção-geral de Educação (DGE), também a CICDR tem um procedimento a correr para perceber o que correu mal, já que a comissão recebeu várias queixas sobre esta matéria.

“Há aqui um erro e tem de se apurar o que aconteceu”, disse a responsável, acrescentando que, no caso de entidades coletivas, as coimas, neste tipo de casos, podem ir até aos 8 mil euros.

A empresa em causa, de acordo com o Jornal de Notícias, chama-se CLOO e trabalha na área da consultoria em economia comportamental, tendo o inquérito sido coordenado pela investigadora Diana Orghian.

A secretária de Estado sublinhou que a Direção-geral de Educação já mandou retirar o inquérito e apontou responsabilidades à empresa responsável pela sondagem, no sentido em que o inquérito tinha sido aprovado com a condição de ser retirada a pergunta sobre as origens dos pais, depois de parecer da Comissão Nacional para a Proteção de Dados nesse sentido.

“Este é um processo que está agora em averiguação na tutela da Educação e na DGE e, da nossa parte, é fundamental esta retirada imediata e sinalizar que este tipo de pergunta não é legal e muito menos nesta situação em que houve um parecer negativo”, frisou.