Entre 1999 e 2010, a taxa de incidência de doenças inflamatórias do intestino nas crianças com menos de cinco anos aumentou uma média de 7,2% por ano no Canadá, onde se registam anualmente «entre 600 a 650 novos casos». Uma tendência que muitos outros países desenvolvidos também têm vindo a registar. Os números são avançados por um novo estudo do Canadian Gastrointestinal Epidemiology Consortium, publicado no American Journal of Gastroenterology.

Ainda assim, nos últimos anos, as inovações para combater estas doenças sucedem-se. Há uma nova esperança para os doentes de Crohn mais jovens. Trata-se de uma terapêutica biológica, com elevadas taxas de eficácia, desenvolvida nos EUA, que ajuda a induzir e a manter a remissão, controlar os sintomas, assegurar a melhor qualidade de vida e manter o crescimento e o desenvolvimento psicológico.

Num passado recente, os tratamentos disponíveis para tratar a doença de Crohn nas crianças e adolescentes limitavam-se aos corticoides, conhecidos pelos seus efeitos adversos nos mais novos, como os atrasos no processo de crescimento e impedimento da mineralização óssea. Em março deste ano, a revista Science Translational Medicine anunciou os resultados dos testes laboratoriais de uma outra experiência promissora.

Validação científica ainda depende de (mais) testes

Um medicamento genérico para o tratamento de gota, que integra allopurinol para reduzir os níveis de ácido úrico, revelou-se eficaz no combate à Saccharomyces cerevisiae. Os especialistas constataram que esta substância, presente na levedura dos padeiros, agravava a inflamação intestinal nos ratos de laboratório usados para os testes científicos. Depois, foram feitos testes com 168 voluntários humanos, adultos.

«Esta descoberta representa um avanço importante na compreensão do papel desta levedura na doença de Crohn e da nossa saúde», assegura June Round, professora de patologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Utah, nos EUA. A especialista garante, contudo, serem necessários mais testes. A doença de Crohn caracteriza-se por uma inflamação crónica que afeta o tubo digestivo, sobretudo o intestino delgado.

Texto: Luis Batista Gonçalves