A Agência Lusa noticiou na quarta-feira que cerca de 5% das famílias com crianças até aos 15 anos não têm Internet em casa e que um em cada cinco estudantes não tem computador em casa, o que impede realizar alguns dos trabalhos pedidos pelos professores durante a suspensão de aulas presenciais determinada pela pandemia de Covid-19.

A Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE) esteve reunida para analisar a situação das escolas durante este período em que se tenta conter a disseminação do novo coronavírus e alertou para as desigualdades entre estudantes.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

As escolas estão encerradas desde segunda-feira e cerca de dois milhões de crianças e jovens estão em casa. A maioria está a ter aulas à distância.

No entanto, nem todos conseguem ter acesso às matérias de estudo. A CNIPE pede aos professores que “no caso de haver algum aluno que não tenha acesso a estas plataformas de comunicação, por qualquer impedimento, não deverá nunca ser prejudicado em termos de avaliação”.

Os pais e encarregados de educação pedem ainda aos professores que moderem a quantidade de matéria e informação partilhada, explicando que as famílias estão ainda a tentar adaptar-se às mudanças.

Um inquérito realizado esta semana pelo professor especialista em estatística Arlindo Ferreira mostra que 11,6% dos pais não tem disponibilidade para acompanhar os filhos pelo menos uma vez por dia nos estudos.

Do lado dos pais, trabalhar de casa “é muito mais difícil” porque é preciso conjugar a atenção dada ao trabalho e aos filhos, disse à Lusa o presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup), Gonçalo Leite Velho.

O docente do ensino superior lembrou que, neste momento, há muitos professores em casa, com filhos pequenos, a tentar dar aulas a outras crianças.

Gonçalo Leite Velho alertou ainda para os casos de famílias que têm de partilhar os equipamentos. Neste momento estão todos em casa, alguns em teletrabalho, e pode tornar-se difícil gerir quem tem prioridade no seu uso: os filhos que estão em aulas ou os pais que estão a trabalhar?

Trabalhar em casa com a família pode ser complicado para todos: alunos e pais. “O ambiente é muito diferente de uma escola. Há mais confusão”, alertou Gonçalo Leite Velho.

As aulas à distância exigem um conhecimento e uma técnica por parte dos professores que é muito diferente das aulas presenciais: “Já quando os alunos estão na escola é, por vezes, difícil manterem-se concentrados, imaginemos em casa”, concluiu.

Em Portugal, o número de mortos subiu hoje para três, com 785 casos confirmados, segundo a Direção-geral da Saúde.

A Assembleia da República aprovou ontem o decreto de declaração do estado de emergência que lhe foi submetido pelo Presidente da República com o objetivo de combater a pandemia de Covid-19, após a proposta ter recebido pareceres favoráveis do Conselho de Estado e do Governo.

Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.

Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas desde segunda-feira e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.

O Governo também anunciou o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham de se deslocar por razões profissionais.

O Governo declarou na terça-feira o estado de calamidade pública para o concelho de Ovar.

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