Realizado por uma equipa do Instituto Superior Miguel Torga (Coimbra), entre 16 de março e 25 de outubro, atravessando as várias fases da pandemia da covid-19, o estudo procurou conhecer o funcionamento e resiliência familiar, tendo envolvido 432 participantes de todo o país, a esmagadora maioria de nacionalidade portuguesa.

"Os resultados revelam dados interessantes, um dos primeiros dados é que, no geral, do ponto de vista da funcionalidade, em particular, a coesão e flexibilidade (capacidade de adaptação), as famílias mostraram-se muito flexíveis", explicou à agência Lusa Joana Sequeira, coordenadora do estudo que foi apresentado no 7.º Congresso (Inter)Nacional Conversas de Psicologia, promovido pela Associação Portuguesa Conversas de Psicologia.

Segundo a responsável, os inquiridos responderam individualmente, mas reportando-se às suas famílias.

"Temos quase 70% das famílias que se veem como muito flexíveis, ou seja, com grande capacidade de ajustamento e adaptação, e também com elevada coesão, com quase 50% das famílias inquiridas a revelarem-se muito coesas", disse Joana Sequeira.

O estudo mostrou também, de acordo com a coordenadora, que os resultados da resiliência são elevadíssimos no geral. Mais especificamente, na forma como perspetivam a crise - sistemas de crenças - nos padrões organizacionais e na comunicação e estratégias de resolução de problemas são também elevados.

As famílias têm um "sistema de crenças positivas que ajuda a lidar com a adversidade e acreditar que há uma solução e que juntos conseguem superar a adversidade".

O estudo "Funcionamento e resiliência familiar" conclui que as "famílias ajustaram o seu funcionamento familiar face à crise, com coesão e flexibilidade, mantendo prioridades e rotinas".

Os múltiplos impactos da crise acabaram por revelar uma elevada resiliência nas famílias, que suportam melhor esta crise pandémica do que as pessoas que residem sozinhas.