Representantes da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) enviaram hoje uma carta ao ministro da Educação com algumas preocupações e sugestões devido à suspensão das aulas presenciais e sua substituição pelo ensino à distância, uma das medidas avançadas em março pelo Governo para conter a disseminação do novo coronavírus.

O ensino à distância tem criado algumas desigualdades: enquanto alguns alunos mantiveram um plano de aulas semelhante ao que tinham antes de 16 de março, quando as escolas foram encerradas, outros continuam sem acesso às aulas online porque não têm computadores ou acesso à internet.

Além disso, há escolas que retomaram as aulas à distância logo após o seu encerramento físico, enquanto outras ainda estão em processo de adaptação.

Perante estes constrangimentos provocados pelo ensino à distância, os diretores escolares defendem que a tutela deve fazer um “reforço do crédito horário 2020/2021”, que se pode traduzir em mais professores nas escolas ou no aumento do horário de trabalho dos que já estão nas escolas.

A medida pretende responder às necessidades de apoios aos alunos, “tendo em conta o período letivo em curso e, paralelamente, os reflexos da presente situação no ano económico em curso, bem como no ano escolar 2020/2021”, refere a carta enviada hoje para o ministério a que a Lusa teve acesso.

Outra das consequências da suspensão das aulas presenciais, foi a redução das receitas das escolas que passaram a ser “praticamente nulas”, tendo surgido novos custos.

Entre esses custos estão as fotocópias que começaram a ser feitas para que os professores pudessem enviar os trabalhos para os alunos sem acesso à internet ou sem computador, lembrou Filinto Lima.

Por outro lado, com as escolas praticamente vazias, houve uma redução das faturas de água e de luz, “que eram bastante elevadas”, contou à Lusa o presidente da ANDAEP, Filinto Lima, sublinhando que muitas das empresas que fornecem as fotocopiadoras às escolas adaptaram os contratos tendo em conta a situação de pandemia.

Na carta enviada ao ministro, a ANDAEP apresenta uma proposta pedindo apoio: “Considerando que, nas circunstâncias atuais, o fornecimento de fotocópias a alunos que não tenham condições para aceder a materiais escolares por via eletrónica se torna essencial, pensamos que as verbas de contratos de fotocopiadores, nesta fase, deverão ser suportadas pela fonte de financiamento”, refere o documento a que a Lusa teve acesso.

Os diretores pedem que uma parte da verba das despesas diárias e mensais das escolas, com a redução de consumo de água e eletricidade, possa ser aplicada também na aquisição de equipamento tecnológico essencial ao desenvolvimento das atividades regulares da escola.

Filinto Lima recordou que a maioria dos computadores e equipamento das escolas está “obsoleto”, devendo a situação ser corrigida para que os professores consigam continuar a dar aulas não presenciais “nas atuais circunstâncias e noutras que o futuro” apresente.

Para resolver o problema do material informático, a ANDAEP pede ainda a “libertação das verbas dos saldos entregues ao Tesouro no final do ano passado, a 31 de dezembro de 2020, “tendo em conta a estagnação dos valores do orçamento privativo, face à necessidade de aquisição imediata de material informático”.

Portugal contabiliza 928 mortos associados à COVID-19 em 24.027 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo já anunciou a proibição de deslocações entre concelhos no fim de semana prolongado de 01 a 03 de maio.