“Há um grande consenso hoje entre os técnicos e os especialistas de que não se justifica afetar o funcionamento do ano letivo. Não devemos ter medidas que impliquem, como adotámos no ano letivo passado, a interrupção da atividade letiva”, afirmou o chefe do Governo em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros realizado hoje.

António Costa adiantou também que vai ouvir os parceiros sociais e os restantes partidos políticos sobre a hipótese da adoção de medidas mais restritivas. Questionado sobre o cenário de um novo confinamento, rejeitou antecipar medidas e assinalou a sua “esperança” de que o aumento de casos dos últimos dois dias não se prolongue até à próxima semana.

“O que temos feito até agora é fazer incidir as medidas sobre o fim de semana; um passo em frente significa estender ao resto da semana esse tipo de medidas, portanto, adotar medidas de confinamento mais geral, do tipo que adotámos em março passado. Não queria estar a antecipar medidas, como a esperança é a última a morrer, devemos ter a esperança de que os números de ontem e hoje sejam ainda um ajustamento do período que vivemos nas últimas semanas e que os dados daqui até dia 12 não confirmem esta evolução. Se o confirmarem, é necessário fazer o que é necessário fazer”, vincou.

No horizonte do primeiro-ministro está agora a reunião com especialistas e técnicos, agendada para terça-feira no Infarmed, que deverá clarificar a evolução da pandemia no país e abrir caminho à possível adoção de medidas mais restritivas.

“Entendemos que devíamos aguardar pelo início da próxima semana para podermos dispor de dados mais sólidos, tendo em conta que o período de Natal - seja porque houve mais circulação e um menor número de testes realizados - dava indicações bastante dispares da evolução da situação”, observou António Costa, acrescentando: “Decidimos aguardar pela sessão no Infarmed no próximo dia 12 para podermos ter uma melhor clarificação da situação real da pandemia no país”.

O primeiro ministro relembrou o ‘salto’ do número de novos casos nos últimos dias, referindo que "os números registados na terça-feira passada eram 4.956” e na quarta-feira “já foram superiores a 10 mil” e anunciando ainda antes da divulgação do boletim epidemiológico de hoje da Direção-Geral da Saúde que “os novos casos praticamente chegam aos 10 mil outra vez".

O boletim epidemiológico de hoje regista mais 95 mortes relacionadas com a covid-19 e 9.927 novos casos de infeção com o novo coronavírus em Portugal e dá ainda conta de que estão internadas 3.333 pessoas, mais 40 do que na quarta-feira, das quais 514 em cuidados intensivos, mais uma.

Desde o início da pandemia, Portugal já registou 7.472 mortes e 456.533 casos de infeção pelo vírus SARS-CoV-2, estando hoje ativos 93.360, mais 6.356 do que na quarta-feira.