Vasco Belchior, da União de Pais do Agrupamento de Escolas Dr. António Augusto Louro, avançou à Lusa que o protesto pretendeu chamar a atenção para o problema que atinge as escolas do agrupamento localizado no Seixal, no distrito de Setúbal.
“Está a correr bem, são cerca de 500 alunos que estão connosco, muitos pais, talvez 600 pessoas no total, com professores e auxiliares que aderiram à nossa luta”, disse à Lusa, referindo que a marcha “está a causar impacto”.
O protesto, que teve início na escola EB Dr. António Augusto Louro, passou depois por mais três escolas até voltar à sede do agrupamento, com os marchantes a gritar: “Governo escuta, a Augusto Louro está em luta” e “Amianto, remoção já”.
Presente na marcha esteve também o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos, eleito pelo PCP, que explicou à Lusa que decidiu participar tendo em conta a degradação do parque escolar do 2.º e 3.º ciclos no concelho.
Joaquim Santos adiantou ter enviado na quarta-feira um oficio ao Ministério da Educação a referir o caso específico da escola Augusto Louro, “uma construção dos anos 80 com cobertura de fibrocimento com partículas de amianto que se estiver em mau estado pode libertar amianto e ser nociva para a saúde dos alunos”.
“Nos últimos quatro anos muito pouco foi feito relativamente à substituição e requalificação de escolas da sua responsabilidade [do Ministério da Educação]. Esperemos que agora, de início, se dê prioridade às intervenções”, frisou o responsável.
“A escola pública de qualidade é fundamental para o sucesso dos nossos alunos, pelo que nos estabelecimentos onde o município pode intervir está em curso um investimento da Câmara Municipal do Seixal de cerca de seis milhões de euros na manutenção, requalificação e ampliação em 16 escolas do 1.º ciclo”, disse Joaquim Santos.
Solidários com a população do concelho do Seixal, a deputada eleita pelo círculo de Setúbal, Joana Mortágua, marcaram igualmente presença na marcha.
“Vamos exigir ao Governo que apresente uma calendarização da remoção do amianto, sabendo que para isso vai ter de haver investimento público na requalificação do parque escolar, que é um dos problemas que nós temos”, começou por avançar à Lusa.
De acordo com a deputada do BE, as escolas que foram requalificadas, na sua larga maioria, “não têm presença de amianto”, no entanto, as que não foram e que ficaram para trás, com obras congeladas no período da 'troika', “vão ter de ser intervencionadas para as obras que necessitam, mas com maior urgência ainda para a remoção deste amianto”.
Para André Julião, coordenador do Movimento Escolas Sem Amianto (MESA), que também participou na marcha, “é muito importante que este tipo de protestos reivindicativos surja em várias geografias, para elucidar a opinião pública do quão grave este problema é e do quão disseminado pelo território nacional está”.
De acordo com o responsável, o MESA tem recebido, nas últimas semanas, contactos de pais e professores de escolas de norte a sul do país, de Mira-Sintra a Guimarães, do Seixal a Queluz e a Olhão, “o que mostra bem que o flagelo do amianto está longe de estar resolvido e que são necessárias medidas urgentes por parte da tutela”.
Nas ultimas semanas têm sido várias as escolas a alertar para o problema do amianto, nomeadamente o Agrupamento de Escolas de Portela e Moscavide, a E.B. Prof. Pedro D´Orey da Cunha, na Amadora, a Escola B. 2,3 Ruy Belo, em Queluz, entre outras.
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