Embora a ligação entre bebidas açucaradas e peso extra esteja bem documentada para adolescentes e adultos, os investigadores afirmam que, até agora, a prova tem sido menos evidente para as crianças, de acordo com um novo estudo publicado hoje na revista Pediatrics.

 

«Apesar de as bebidas açucaradas constituírem uma pequena percentagem do número total de calorias que as crianças ingerem, esta quantidade adicional de calorias contribuem grandemente para o aumento de peso ao longo do tempo», afirma Mark DeBoer, que liderou o estudo da Universidade da Virgínia, em Charlottesvile, nos Estados Unidos da América.

 

A equipa de investigação examinou uma amostra representativa dos pais 9600 crianças, todas nascidas em 2001, quando estas tinham dois, quatro e cinco anos de idade. Os pais indicaram o seu grau de rendimentos e as habilitações académicas, bem como a frequência com que as crianças consumiam bebidas açucaradas e viam televisão.

 

A proporção de crianças que consumia diariamente pelo menos um refrigerante, uma bebida desportiva ou um sumo açucarado variava entre 9 e 13 por cento, dependendo da idade. Tais crianças apresentavam uma maior probabilidade de terem mães com excesso de peso e de verem televisão pelo menos duas horas por dia aos quatro e aos cinco anos de idade.

 

Depois de contabilizarem essas influências, bem como o estatuto socioeconómico das famílias, os investigadores descobriram que aos cinco anos de idade, as crianças que bebiam pelo menos uma bebida açucarada por dia eram 43 por cento mais propensas a serem obesas do que aquelas que bebiam as bebidas com menos frequência ou que nem sequer as consumiam.

 

As crianças foram consideradas obesas se apresentavam um índice de massa corporal – uma medida do peso em relação à altura – acima do percentil 95 para a sua idade e sexo, conforme calculado pelo Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA.

 

Cerca de 15 por cento das crianças do estudo, aos cinco anos de idade, eram obesas. Aos quatro anos de idade, as crianças que consumiam bebidas açucaradas já mostravam uma maior taxa de obesidade do que as que não consumiam – mas esta situação pode ter sido devida ao acaso, indicaram os investigadores. Aos dois anos de idade, não havia nenhuma ligação entre bebidas açucaradas e obesidade.

 

Mark DeBoer declarou à agência Reuters que «os pais devem estar cientes de que as crianças e os jovens estão a receber calorias extras sem qualquer valor nutricional e que devem optar por água e leite como bebidas frequentes. Além disso, é preferível o consumo de fruta inteira do que sob a forma de sumo.»

 

«Isto não quer dizer que os pais devam banir todas as bebidas açucaradas da infância dos filhos. Estas bebidas devem é ser encaradas como um mimo muito raro», concluiu o investigador.

 

Maria João Pratt

 

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