O diretor do Externato de Penafirme, Carlos Martins, explicou à agência Lusa que, das três centenas de alunos que terminaram o 9.º ano no Externato de Penafirme, 70 ficaram aí sem vaga, por cortes de turmas no contrato de associação que tem com o Ministério da Educação.

“Não percebemos este corte, porque temos alunos, eles querem continuar a estudar no externato e as [escolas] alternativas são longe”, explicou.

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Os outros estabelecimentos localizam-se fora das freguesias de A-dos-Cunhados e Silveira, área abrangida pelo externato.

Segundo o diretor, “pelo menos 50 alunos teriam condições de continuar” no colégio, a primeira opção que escolheram quando se matricularam.

Diferentes prioridades de acesso

À Lusa, o Ministério da Educação limitou-se a responder que “foi aberto o número de turmas necessário para responder à carência de oferta pública naquela área geográfica, isto é, para dar resposta aos alunos cujas moradas são naquela área geográfica”.

Vou perder uma hora por dia a ir e voltar a escola, quando podia dedicar esse tempo ao estudo e à minha família

Entre os 50 alunos excluídos, Salomé Martins, em declarações à Lusa, considerou “injustas as prioridades de acesso” aos colégios privados com contrato de associação, estabelecidas pelo Ministério da Educação, e referiu que se sente “triste e desiludida” por ter sido englobada na decisão.

A aluna reside na Boavista, freguesia de A-dos-Cunhados, a quatro quilómetros ou a cinco minutos do externato, mas acabou por ser transferida para a Escola Secundária Madeira Torres, na sede de concelho, a 15 quilómetros e a 20 minutos de casa em transporte particular, apesar de ser aluna de mérito, ter um irmão a estudar no externato e de aí encontrar a área e as disciplinas que pretende seguir.

“Vou perder uma hora por dia a ir e voltar a escola, quando podia dedicar esse tempo ao estudo e à minha família”, afirmou, por seu turno, Leonor Marinho, que também é afetada pela medida e se vê obrigada a ficar a 15 quilómetros da Escola Secundária Madeira Torres, para onde foi transferida, quando, durante cinco anos, demorava dois minutos ou menos de um quilómetro de casa, na Póvoa de Penafirme, na freguesia de A-dos-Cunhados, até ao externato.

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Já Rita Serra, residente no Sobreiro Curvo, na mesma freguesia, foi transferida para a Escola Henriques Nogueira, também na cidade, e considera a decisão imposta “muito injusta”.

Agora, perspetiva “passar mais horas do dia fora de casa, por nem sempre ter horários compatíveis com os dos autocarros”.

No externato, estava a 10 minutos da sua residência e a uma distância de cinco quilómetros e, a partir de setembro, vai estar a 20 minutos e a 13 quilómetros da escola.

Quando se deslocam nos autocarros públicos, estes alunos demoram no mínimo meia hora entre a localidade que residem e a escola.

No contrato de associação para o ano letivo 2018/2019, foram atribuídas ao externato três turmas do 10.º ano (eram quatro em 2017/2018 e cinco em 2016/2017/, nove do 7.º ano (as mesmas do ano passado, mas menos três do que em 2016/2017) e oito do 5.º ano (menos duas do que em 2017/2018 e mais uma do que em 2016/2017).

Com os cortes, o colégio despediu três professores por falta de trabalho e teve de escolher alunos consoante os critérios fixados pelo Ministério da Educação: primeiro os alunos com necessidades educativas especiais; alunos com irmãos na escola; com ação social escolar; sem ação social escolar que residam nas duas freguesias e, depois, os que tenham os pais a trabalhar na zona abrangida pelo externato; e, por fim, com melhores notas às disciplinas mais importantes em cada uma das áreas escolhidas.

Uma vez que a procura de alunos é maior do que a oferta, o Externato de Penafirme pediu ao Ministério da Educação mais duas turmas de 10.º ano, mas a tutela ainda não respondeu.

Segundo o Governo, o Externato Penafirme terá, em 2018/2019, 59 turmas financiadas, num investimento perto de cinco milhões de euros.

Torres Vedras é o maior concelho do distrito de Lisboa em área.