“A greve teve um acréscimo em relação aos dias anteriores, o que é normal, porque houve dois dias para esclarecimento, que permitiram desmontar um pouco o discurso que até nalgumas escolas surgiu de que teria sido suspensa porque na segunda-feira teria havido algum consenso (nas negociações), o que não é verdade”, afirmou Mário Nogueira aos jornalistas em Viseu.

Segundo o sindicalista, a adesão a esta greve – que tem como principal motivação a falta de consenso sobre a contagem de todo o tempo de serviço - “no primeiro dia terá ficado na ordem dos 60%, ontem (quarta-feira) subiu para 70% e hoje para 75%”.

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Para este aumento terá também contribuído “a intervenção do ministro da Educação a propósito desta negociação que é, no mínimo, desastrosa”, adiantou. “O ministro da Educação estava desaparecido e ontem (quarta-feira) decidiu fazer prova de vida, da pior forma”, considerou Mário Nogueira, lamentando que o governante tenha dito que “a recuperação do tempo de serviço dos professores não poderia fazer-se porque isso iria por em causa o descongelamento das carreiras dos outros trabalhadores da administração pública”.

“Nós conhecemos o truque, porque foi usado há muitos anos pela Dra. Lurdes Rodrigues (antiga ministra da Educação), que era meter todos contra os professores, isolar o setor, e depois tentar que a opinião pública fizesse o resto do trabalho. Isto não é justo e nem sequer é verdadeiro”, frisou.

Abertura negocial

O ministro da Educação disse na quarta-feira que a proposta final apresentada na segunda-feira aos sindicatos dos professores é a única “passível de execução” e que permite agir com “equidade”, mas lembrou “total abertura negocial”.

“Não podemos por em risco o descongelamento de todos os funcionários públicos”, declarou o ministro no segundo dia de greves regionais dos professores, sublinhando que a questão tem a ver com a progressão da carreira e que 45 mil docentes já vão ver as suas carreiras “com progressão no ano de 2018”.

Mário Nogueira defendeu que “nem o descongelamento de carreiras dos outros trabalhadores tem que depender da não recuperação do tempo de serviço dos professores, nem o contrário deve acontecer”.

“Esta é uma conversa que nós percebemos onde pretende chegar, mas que é absolutamente inaceitável”, frisou, lembrando as grandes manifestações de professores ocorridas no tempo de Maria de Lurdes Rodrigues e que podem voltar já no início do terceiro período do ano letivo.

O secretário-geral da Fenprof explicou que, o que o Governo quer é que, “de nove anos e quatro meses da vida profissional dos docentes, de trabalho empenhado nas escolas, 70% vá para o lixo”.

“Estamos disponíveis para negociar os prazos, negociar a forma, o ritmo da recuperação, as prioridades, até para que efeito a recuperação deve ser. Estamos disponíveis para negociar tudo, menos um dia de trabalho que seja que as pessoas cumpram”, avisou.

Mário Nogueira sublinhou que “o tempo de serviço é uma coisa que não se negoceia, o tempo de serviço conta-se, ponto final”, podendo esta contagem ser feita “mais rapidamente, mais lentamente, mais faseadamente”, e disso é que deve constar a negociação.

A greve foi convocada pelas dez estruturas sindicais de professores que assinaram a declaração de compromisso com o Governo, entre as quais as duas federações - Federação Nacional de Educação (FNE) e Federação Nacional dos Professores (Fenprof) - e oito organizações mais pequenas.

A paralisação termina sexta-feira na região norte (Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança) e na região autónoma dos Açores.