Para celebrar os 10 anos da vitória do “sim” no referendo sobre a Lei da Interrupção Voluntaria da Gravidez - que decorreu a 11 de fevereiro de 2007 – Catarina Martins almoçou esta sexta-feira (10/02), num restaurante em Lisboa, com três gerações de feministas que lutaram pelo direito ao aborto e pelos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, juntamente com o antigo coordenador bloquista Francisco Louçã.

“Hoje é também uma homenagem a quem fez este percurso e é também um dia de afirmar que os direitos das mulheres - que são fundamentais, da democracia, do desenvolvimento -, sendo certo que em Portugal avançámos muito, (mas) nunca está tudo conquistado e precisamos de continuar com esta força e esta determinação”, sublinhou.

A coordenadora do BE considerou que, 10 anos após despenalização, é o momento de fazer o balanço, destacando que “há hoje em Portugal menos abortos do que existiam quando era ilegal e nenhuma mulher morre em consequência de um aborto”.

Catarina Martins recordou que “em Portugal, com a anterior maioria, se tentou voltar atrás e obrigar as mulheres a procedimentos que as humilhavam no momento de decidir a interrupção voluntária da gravidez”, enaltecendo o trabalho de “uma nova maioria para que a dignidade das mulheres fosse respeitada”.

Este trabalho acontece – prosseguiu - “numa Europa em que vemos o retrocesso nos direitos das mulheres, seja na Polónia, com a tentativa de uma lei verdadeiramente penalizadora e absurda sobre as mulheres, seja na Rússia com, basicamente, permitir-se a violência doméstica sobre as mulheres”. Num momento de “tantos retrocessos no mundo”, a líder bloquista quis “afirmar que em Portugal há uma grande capacidade de unidade em torno dos direitos das mulheres”, o que representa “também lutar por aqueles que falta ainda conquistar em Portugal e no mundo”.

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