A adolescência pode ser vivida de uma forma menos saudável com sentimentos de desesperança e incapacidade de lidar com emoções, de se sentir integrado na família ou grupo de amigos e de manter uma sensação de bem-estar. Quando isto acontece, a probabilidade de desenvolver um comportamento autolesivo aumenta. Dados internacionais revelam que cerca de 10 por cento dos adolescentes já terão tido pelo menos um episódio de auto lesão ao longo da sua vida.
“É mais frequente as raparigas dizerem que os comportamentos autolesivos funcionam como um castigo (auto-punição) e que tentam aliviar o seu mal-estar psicológico através da dor física. Por outro lado, a insatisfação com a imagem corporal, mais frequente no sexo feminino, relaciona-se também com comportamentos autolesivos”, revela Ana Peixinho, coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia do Hospital Lusíadas Lisboa.
E alerta: “Os comportamentos autolesivos e o suicídio são indissociáveis, sendo difícil abordá-los separadamente, contudo, isto não significa que conduzam necessariamente ao suicídio. Podem incluir uma tentativa de suicídio, em que se incluem vários métodos de autolesão como intoxicação medicamentosa voluntária ou cortes na superfície corporal. Por outro lado, existem situações em que o único objetivo é a destruição do tecido corporal do próprio sem intenção de morrer, aqui incluem-se cortes e comportamentos associados como queimaduras e arranhões.”
“A prevenção deve ser dirigida à maioria dos adolescentes e pretende modificar fatores que predispõem o jovem para a autolesão, como por exemplo melhorar a sua capacidade em pedir ajuda, reduzir os preconceitos associados a este tipo de comportamento ou fomentar o treino de estratégias para lidar com esta situação”, conclui a psiquiatra.
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