A transmissão do VIH ao feto através da mãe, pode ocorrer durante a gravidez, durante o parto e o aleitamento.
Na ausência de qualquer intervenção estima-se que entre 15-30% dos filhos de grávidas seropositivas possam ser infetados durante a gravidez e o parto e que, 10-20% o serão através do leite materno. A utilização de medidas preventivas específicas naqueles períodos reduzem a transmissão da infecão para valores inferiores a 8-10%, podendo mesmo atingir valores inferiores a 2%.
Nesse contexto, a prevenção da transmissão mãe-filho do VIH representa, cada vez mais, uma das estratégias essenciais no combate à propagação da SIDA. A realização do teste específico para o VIH no período pré-concepcional e durante a gravidez, para além de possibilitar a adopção das medidas necessárias para a redução do risco de transmissão perinatal permite à mulher, no caso de seropositividade assintomática, ter acesso precoce aos cuidados apropriados de saúde e melhorar o prognóstico da sua doença.
Pelas razões elencadas acima, o despiste do vírus VIH é obrigatório e parte integrante da avaliação pré-natal.
Para tal recorre-se à recolha de uma amostra de sangue venoso, às 14 semanas de gestação. Para detetar a eventual presença de anticorpos anti-VIH, utilizam-se métodos imunoenzimáticos, para despiste. Se este teste apresentar valores reativos (acima do ponto de corte), ter-se-á de efetuar um teste confirmatório, utilizando-se a tecnologia de Western Blot, para poder-se afirmar o diagnóstico de seropositividade.
Ambos os testes detetam a presença de anticorpos específicos produzidos pelo organismo como resposta à infeção vírica: O método imunoenzimático (ELISA) é um teste de rastreio de fácil e rápida execução, muito sensível e específico para o diagnóstico da infeção pelo VIH, mas não a 100% específico. Um resultado positivo deve ser confirmado através do teste de Western Blot, que confirma definitivamente a infeção.
Enquanto o teste ELISA deteta os anticorpos contra proteínas específicas do VIH no geral, o teste de Western Blot deteta-os individualmente. A execução deste teste é mais demorada e tecnicamente mais complicada, o que justifica que só seja utilizado para confirmar um teste de ELISA positivo.
No caso dos recém-nascidos, filhos de mãe seropositiva, os testes aos anticorpos só têm completa validade ao fim de 18 meses, já que os anticorpos existentes no seu organismo podem ter sido herdados da mãe. Ao fim desse período, se o bebé não apresentar anticorpos é porque o VIH não se encontra presente e este torna-se seronegativo.
É consensual a importância do diagnóstico precoce na gestação, para iniciar terapêutica materna anti-retroviral que reduzem comprovadamente a hipótese de transmissão fetal e perinatal.
Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica
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