Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, a Gonorreia pode ser transmitida de pessoa para pessoa por contacto sexual, via endovenosa e de mãe para filho, durante a gestação e parto.

O período de incubação oscila entre dois a oito dias, embora possa ser superior dado que as manifestações da doença dependem da forma de contágio e da localização da infeção.

Quando não tratada a bactéria Neisseria gonorrhoeae pode originar complicações graves como gravidez ectópica, parto prematuro, dor pélvica crónica, doença sistémica, infertilidade ou doença inflamatória pélvica.

O diagnóstico precoce e correto, permite o tratamento atempado, reduzindo o risco das complicações associadas como morbilidade e mortalidade perinatal e infantil. Nas gestantes é recomendado o rastreio da Gonorreia na primeira visita Pré-Natal com repetição no 3º e 6º mês nos casos clínicos positivos.

A metodologia mais simples no diagnóstico da Gonorreia é o exame microscópico de uma amostra através da coloração de Gram. As amostras são colhidas dos locais infetados com a bactéria, como o colo do útero ou urina. A coloração de Gram é um dos métodos mais utilizados em laboratórios de microbiologia e de análises clínicas, sendo quase sempre o primeiro passo para a caracterização de bactérias. Permite distinguir bactérias com diferentes estruturas a partir das colorações que adquirem após reação a agentes químicos específicos.

Novas técnicas de biologia molecular permitiram avanços no diagnóstico. A deteção é executada por PCR (Polimerase Chain Reation), com amplificação do ADN de cada microrganismo na amostra. A visualização do produto amplificado é possível graças ao uso de uma plataforma tecnológica nova, baseada em arrays de baixa densidade: CLART® (Clinical Array Technology).

Um resultado positivo indica a presença de uma infeção, que deverá ser tratada com antibióticos, enquanto um resultado negativo revela que não existe evidência de infeção no momento. Pacientes com risco elevado, devem procurar realizar o rastreio regularmente, de forma a detetar precocemente uma possível exposição à bactéria.

Vários agentes etiológicos das infeções sexualmente transmissíveis podem ser transmitidos durante uma única relação sexual, sendo frequente os doentes terem duas ou mais infeções em simultâneo.

Os métodos imunológicos indiretos (pesquisa de anticorpos anti agente infeccioso) ou diretos (pesquisa do agente infeccioso por anticorpos específicos do mesmo) são pouco sensíveis e específicos quando comparados com os métodos de biologia molecular, pelo que estes devem ser sempre a metodologia a adotar no diagnóstico das infeções sexualmente transmissíveis. Permitem a pesquisa simultânea dos agentes etiológicos mais comuns (coinfeção) o que permite um diagnóstico mais rápido e com decisões clínicas direcionadas.

Por Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica

Maria José Rego de Sousa, Médica, Doutorada em Medicina, Especialista em Patologia Clínica