Nem todas as crianças manifestam curiosidade e interesse no que se refere a assuntos de sexo com a mesma idade mas, mais dia menos dia, surgem as interrogações mais inconvenientes.
Os pais devem, contudo, estar preparados porque as perguntas dos mais pequenos podem surgir a qualquer altura.
«Deve conversar sobre sexualidade à medida que as questões forem surgindo, respeitando a natural curiosidade e evolução da criança. Se tal não acontecer, não deve deixar ultrapassar o início da puberdade (sensivelmente aos dez anos). Os pais devem sentar-se junto dos filhos e estabelecer uma conversa séria, mas o mais descontraída possível» aconselham Helena Alcobia, Alexandra Mendes e Helena Serôdio, professoras e autoras da obra «Educar para a Sexualidade».
Temas-chave
Aborde questões como «doenças sexualmente transmissíveis, uso correto de métodos contracetivos, principalmente o preservativo. Os pais não devem esquecer que a relação sexual é uma demonstração de afeto, havendo a necessidade de fomentar comportamentos que permitam a afirmação dos próprios direitos, sem violar os dos outros», sublinham as autoras.
Já para Lidia Weber, psicóloga, «a mensagem mais importante é que uma boa sexualidade está ligada ao afeto e não a algo aleatório ou a uma busca de prazer imediato, pois as consequências podem ser desastrosas e não vale a pena arriscar».
Simplificar o discurso
«A informação deve ser correta e realista, tendo em conta a idade e as perguntas. A linguagem das respostas deve ser simples, direta e com termos científicos sempre que possível. Devem cingir-se às questões, de forma a não dar mais informação do que a pedida, pois em demasia pode ser difícil de assimilar», afirmam ainda. Lidia Weber acrescenta que é importante «enfatizar a ideia de que um bebé é um grande milagre da natureza».
Abuso sexual
Explique que ninguém tem o direito de lhe tocar ou de o obrigar a fazer algo de sexual sem a sua autorização, que pode confiar em si para lhe contar tudo e que as vítimas de abuso sexual não são culpadas do que aconteceu.
7 erros a não cometer
Estas não são as melhores forma de fugir ao problema:
1. Fingir que o sexo não existe, ignorar o tema.
2. Tratar o sexo como algo imoral ou sem importância.
3. Mentir ou responder quando não sabe. Assuma que não sabe a resposta e diga que vai informar-se.
4. Responder algo como «isso não é um assunto para a tua idade» ou «quando fores mais velho vais saber».
5. Mistificar conceitos, sobrevalorizando uns (a virgindade) ou subvalorizando outros (o prazer sexual). Este é outro dos erros a evitar.
6. Tentar forçar o adolescente a falar sobre a sua intimidade. Sugira-lhe ter a conversa com um profissional ou outro adulto de confiança.
7. Na Associação para o Planeamento da Família encontra material sobre educação sexual muito útil. Vá até www.apf.pt ou ligue para 213 853 993 (Linha SOS Pais).
As mensagens essenciais
- Não há nada de errado em ser virgem.
- Não se deixe forçar ou influenciar pelos amigos.
- A televisão e o cinema tendem a mostrar que o sexo é sempre mágico e maravilhoso mas não é bem assim. Isso só se conquista com maturidade e tempo.
- Na primeira vez também se engravida e se transmitem doenças.
- Use preservativo.
- Converse com seu namorado sobre o tema. Se não conseguirem não estão prontos para ter um relacionamento sexual.
- Fazer sexo implica compromisso e consequências.
Livros que podem ajudá-lo a abordar o tema da sexualidade com o seu filho
Estas obras de autores experientes vão revelar-se um precioso auxiliar nesse processo:
- «A minha sexualidade até aos 6 anos, dos 6 aos 9 anos e dos 9 aos 13 anos»
Jocelyne Robert
Porto Editora
- «Educar para a Sexualidade»
Helena Alcobia, Alexandra Mendes e Helena Serôdio
Porto Editora
Texto: Nazaré Tocha com Helena Alcobia, Alexandra Mendes e Helena Serôdio (professoras), Lídia Weber (psicóloga e investigadora) e Nuno Nodin (psicólogo)
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