Basta observar as brincadeiras das crianças para perceber como estes momentos, bem mais do que apenas divertidos, são essenciais para o crescimento físico e o desenvolvimento emocional.

 

É através do brincar que os mais novos exercitam o seu papel no mundo e os seus mecanismos de socialização. Aprendem a agir em equipa e o que é ou não é aceitável para os outros.

 

Com as brincadeiras, as crianças fazem pontes entre o seu mundo interior imaginário e aprendem a gerir as situações reais, seja no contexto da família – sempre mais protetor – seja em todo os contextos externos. Elas criam e inventam contextos e situações completamente sob o seu controlo, o que lhes permite fazer experiências quase sempre bem-sucedidas.

 

 

As experiências do quotidiano

 

As brincadeiras são também formas de aplicar o que vão conhecendo e observando nas suas experiências quotidianas. E nada é mais revelador deste fenómeno do que observar, por exemplo, uma menina a embalar uma boneca ou um menino a “conduzir” um automóvel imaginário.

 

Felizmente que o contrário – ou seja, meninos e meninas a brincarem com objetos e situações tradicionalmente longínquas do seu género – é cada vez mais comum e bem aceite. Longe parece ir o tempo, por exemplo, em que não era permitido a um rapaz pegar em bonecos ou a uma rapariga fingir que construía uma casa.

 

As sociedades têm vindo a evoluir e a noção de que todas as brincadeiras são possíveis traz uma liberdade de atuação e imaginação que se torna absolutamente determinante para uma evolução harmoniosa.

 

 

Todos juntos

 

No entanto, apesar de reconhecerem a importância das brincadeiras, um número significativo de adultos remete-as ao quotidiano das crianças e, por um número de motivos bastante diversificado, nunca partilha estes momentos.

 

As razões invocadas para esta atitude são múltiplas. Seja porque o dia-a-dia impede que estejam muito tempo junto dos mais novos; seja o cansaço após uma jornada de trabalho; seja porque as tarefas domésticas se acumulam e necessitam de ser cumpridas ou seja mesmo por se entender que não é uma atitude muito “adulta”.

 

Mas brincar é necessário tanto para as crianças como para os mais crescidos. É durante os jogos, o “faz-de-conta”, as canções, as rimas, o contar de histórias e todos os outros momentos de divertimento que os laços familiares se reforçam.

 

 

Crianças mais felizes

 

As crianças que brincam são mais inteligentes, mais seguras de si mesmas, mais criativas e imaginativas, no fundo, mais felizes. E os adultos que brincam com elas – para além de as conhecerem cada vez melhor – também exercitam a sua criatividade, as suas capacidades físicas e mentais e a sua felicidade.

 

Brincar com as crianças, apresentá-las aos jogos e diversões de infância, inventar outros novos, conhecer o que elas aprendem com os amigos e no jardim-de-infância é uma das tarefas que mais prazer dá. E transmite aos mais novos a certeza de que os pais e restantes adultos da família as consideram suficientemente importantes e amadas para valorizarem tudo o que fazem, incluindo as brincadeiras.

 

 

Brincar na agenda

 

Perante os grandes desafios do quotidiano, é muitas vezes difícil encontrar um intervalo em que o ato de brincar seja rei e senhor. Pois bem: vale a pena marcar estes momentos como um compromisso importante e procurar respeitá-lo sempre que for possível.

 

Numas ocasiões, é importante deixar a criança liderar, mas noutros momentos faz sentido mostrar-lhe coisas novas que, muito provavelmente, ela vai adoptar em situações futuras. É esta riqueza que torna importantes e inesquecíveis as brincadeiras em família.

 

Os hábitos de brincar florescem quando são cultivados entre irmãos, entre pais e filhos, entre avós e netos. Não só porque transmitem grandes capacidades sociais mas também porque são um dos grandes mecanismos de amor.

 

 

Maria C Rodrigues