As experiências com a linguagem e a literacia que uma criança tem, logo nos primeiros meses e anos de vida, constituem a base para a aquisição da leitura e da escrita.

 

A aprendizagem destas competências é facilmente alcançada através de uma estimulação que integre diversas áreas de desenvolvimento, em particular, as áreas sociais e emocionais, a motora, e obviamente, a da linguagem.

 

O mecanismo de leitura e escrita é um processo complexo e multifacetado. Neste sentido, para a sua aquisição plena uma criança necessita de apreender e integrar elementos diversos desde o momento em que nasce. Nas suas experiências iniciais, a criança “lê” gestos e expressões faciais, faz sons que imitam os sons da linguagem e começa a associar as palavras ao seu referente. Posteriormente, entende por intermédio da interação, que as palavras escritas possuem também elas um significado.

 

Muitos investigadores destacam que a consciência fonológica é um ótimo preditor para o sucesso na leitura. Esta capacidade consiste no reconhecimento de que o discurso oral é constituído por unidades fonológicas distintas (i.e., as frases, as palavras, as sílabas ou os fonemas). A criança compreende que as palavras rimam entre si (possuem partículas comuns) e entende que se manipuladas, as unidades fonológicas poderão produzir novas estruturas com outro significado.

 

O objetivo fundamental dos anos que antecedem a entrada na escola, é o de expor a criança ao texto escrito a partir da descoberta de pequenas histórias e contos lidos. Deste modo, entenderá que as sequências de letras separadas por espaços são as palavras que correspondem a uma versão oral que já conhece e que a leitura tem uma direcionalidade (da esquerda para a direita e de cima para baixo).

 

Segue-se o desenvolvimento do principio alfabético. A criança inicia o processamento das letras (distinguindo-as entre si de acordo com os seus aspetos espaciais) e a associação com os sons para posterior ligação a um significado pré-existente.

 

A aquisição de competências linguísticas, como a consciência fonológica, o conhecimento das letras e o princípio alfabético, depende de capacidades cognitivas essenciais, nomeadamente, a memória (em particular, a memória de trabalho), a atenção e a velocidade de processamento (visual e auditivo). São estas capacidades que permitem aprender a ler e, mais tarde, ler para aprender.

 

Ao longo do seu desenvolvimento, a criança precisa de aprender o vocabulário e a estrutura sintática das frases da língua; de praticar uma diversidade de textos para alcançar a fluência, para assim, associar as palavras à compreensão leitora, tornando-a mais eficaz.

 

Carla de Menezes Cohen                                                          

Psicóloga Educacional & Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação

Carla.cohen@pin.com.pt

 

Tânia Capaz

Educação Especial

Tania.capaz@pin.com.pt