São alunos que tendem a preocupar-se em demasia e a retrair-se na sala de aula, evitando participar nas atividades curriculares conjuntas. Arranjam desculpas com frequência para se furtar às responsabilidades letivas: pedem autorização para ir à casa de banho, à enfermaria e, por vezes, recusam até sair de casa em dias de escola. Pior, evitam pedir ajuda, tornando ainda mais complexo o respetivo processo de aprendizagem.

Aos pais e professores, pede-se maior apoio a estes alunos de forma que consigam, com a ajuda necessária, vencer estes transtornos de ansiedade que podem prejudicar não só a saúde e a evolução académica como também a própria socialização. Há muitas estratégias que podem e devem ser seguidas em casa pela família e na instituição de ensino pelos professores:

Apoio emocional - Incentive o aluno a utilizar nos momentos de crise as técnicas de controlo de ansiedade que lhe foram ensinadas. Permita que o menor tenha acesso a um objeto que o acalme, por exemplo, uma fotografia da família ou do animal de estimação. Autorize que o aluno recorra a um especialista na área da saúde mental com quem já esteja familiarizado sempre que sentir incapacidade de controlar o estado de ansiedade durante a aula.

 Organização da sala de aulas, horários e rotinas - Procure colocar o aluno na mesa onde se sente mais à vontade, por exemplo, próximo de um amigo, da porta, do professor ou do quadro.  Sempre que houver alguma reunião geral de alunos e professores, permita que o estudante, caso assim deseje, permaneça numa cadeira ao fundo da sala ou perto de uma saída. Demonstre abertura para aceitar que o aluno possa sair da sala de aula durante os momentos de crise de ansiedade, permitindo que caminhe nos corredores na escola, vá até ao recreio ou, por exemplo, beba simplesmente um copo de água, até se acalmar.  Outra boa estratégia é atribuir-lhe um amigo designado para as horas de almoço e de tempo-livre, de forma que esteja sempre acompanhado e nunca se isole. Incentive as visitas de estudo para que o aluno possa socializar-se com os colegas e professores fora do ambiente escolar. Sempre que o aluno regressa à escola após um período de ausência prolongado em casa devido a um problema de saúde crie um plano de recuperação, desculpando, por exemplo, eventuais incumprimentos na realização dos trabalhos de casa.

Dar instruções e tarefas - Deixe claro quais são as metas a atingir durante o ano letivo e as consequências da falta de concretização dessas expetativas.

Ofereça a oportunidade de ministrar os conteúdos letivos por etapas, ao ritmo das dificuldades destes alunos, facilitando assim o respetivo processo de aprendizagem.  Nunca se esqueça que as instruções escritas são tão ou mais importantes do que as verbais.  Certifique-se sempre que o estudante está a conseguir acompanhar com sucesso a matéria e que a chamada temperatura emocional da criança está em boas condições.  Não exija ao aluno que leia em voz alta em frente a toda a turma se isso o deixa desconfortável. Apresente-lhe como alternativa a apresentação dos seus trabalhos diretamente ao professor, sem a presença dos colegas.

Introduzir novos conceitos nas aulas - A ansiedade pode prejudicar o desemprenho. Permita, por isso, que o aluno possa dispor de mais tempo e/ou mais espaço para a realização dos testes. A obrigatoriedade de fazer um teste escrito ao mesmo tempo que os colegas pode ser um fator desencadeador de uma crise de ansiedade.  Se esse momento de avalização perturbar a criança e ela ainda não demonstrar capacidade para o resolver por si própria, não a pressione. Aceite a dificuldade e ofereça alternativas para que o mesmo exame, por vezes adaptado às respetivas dificuldades, possa ser executado num ambiente mais tranquilizador e de menor stress.

Reduzir a carga de trabalhos de casa também pode ser uma boa estratégia para estes alunos. Cada caso é um caso. É importante que, por vezes, se alivie dos ombros destas crianças o peso da responsabilidade das avaliações convencionais. É essencial que elas percebam que se não tiverem capacidade para realizar determinados trabalhos por si só, não serão prejudicadas.

Crianças que apresentam um quadro de ansiedade precisam de ser apoiadas em equipa, isto é, com família, professores e terapeutas devidamente mobilizados para a concretização de uma resposta que viabilize o bom desenvolvimento da criança e uma vida social bem-sucedida.