E como todos os momentos importantes, este não acontece sem um misto de emoções. Ao orgulho e alegria dos pais e da própria criança – afinal está tão crescida que vai deixar o grupo dos mais pequeninos – podem juntar-se sentimentos de ansiedade e preocupação. “Será que vai adaptar-se bem às novas rotinas? Será que vai gostar dos novos colegas e da educadora? E terá a atenção suficiente às suas necessidades?” são algumas das dúvidas dos adultos.

 

Por sua vez, a criança ainda não é capaz de verbalizar estes receios mas dá pistas sobre o que está a sentir. Por exemplo, fazendo perguntas sobre o que aí vem, dizendo aos quatro ventos que vai mudar de escola ou mesmo torcendo o nariz a esta perspetiva.

 

Conhecer o espaço

 

Cabe aos pais garantirem que esta transição acontece o mais serenamente possível e que toda a família está empenhada em que a entrada para o pré-escolar é feita com o pé direito. Tudo começa com a escolha da instituição onde o filho irá, se tudo correr bem, passar os próximos três anos.

 

Se a criança já frequenta a creche e se apenas vai mudar de sala e de educadora, o processo poderá ser mais fácil. Afinal ela conhece o espaço, os funcionários, os horários e até o percurso desde casa até à escolinha, em suma, o cenário geral.

 

Para que a transição não seja tão brusca, muitas escolas organizam, para os pequeninos prestes a completar os três anos, dias nas salas dos mais velhos, para que conheçam melhor os novos colegas e percebam como tudo funciona.

 

Mesmo assim, os primeiros dias podem ser problemáticos e vale a pena ter uma conversa prévia com a educadora e as auxiliares, para que tomem conhecimento da personalidade, gostos e hábitos da criança que vão passar a ter a seu cargo. Em contrapartida, os pais serão informados sobre a forma como a sala está organizada, as rotinas e os objetivos a atingir durante o ano letivo.

 

Quando a escola é nova

 

No caso em que a escola é nova, o desafio é maior. Vale a pena investir tempo na escolha da instituição e se as questões financeiras são um dos grandes aspetos a ter em conta, existem outros pontos tão ou mais importantes para que a criança e os pais se sintam felizes.

 

Alguns dos fatores a analisar são, por exemplo, qual a filosofia pedagógica da instituição; quantos meninos tem cada educadora a seu cargo e qual a formação técnica dos profissionais; qual a área e as condições da sala, dos espaços de refeições e dos espaços de recreio; se existem espaços para brincadeiras ao ar livre; se as turmas são divididas por idades ou se cada turma tem meninos de três, quatro e cinco anos, se as crianças mais velhas têm oportunidade de dormir a sesta; qual a política de diálogo e visitas dos pais; quais as condições de transporte escolares e mil e uma outras questões que se mostrem pertinentes e que ajudem a dissipar a ansiedade.

 

O papel da criança 

 

A criança pode e deve acompanhar os pais nestas visitas, passar algum tempo na escola escolhida mesmo antes do arranque oficial e até ter uma palavra a dizer sobre a escolha final.

 

Tudo depende do seu nível de maturidade e da sua personalidade. Se necessitar de conhecer todos os cantos à casa para se sentir mais tranquila, por que não fazer-lhe a vontade? A maior parte dos estabelecimentos terá toda a disponibilidade para ajudar na transição.

 

Em contrapartida, se os responsáveis pela escola se mostram renitentes em dialogar ou fornecerem as informações que lhe são pedidas, ou se existem regras que a família ache incompatíveis com a necessária relação de confiança que deve ser estabelecida, é natural que soem campainhas de alarme.

 

Nesse caso, é preferível seguir em frente e procurar outra alternativa, por muito boas que pareçam ser as instalações, o pessoal ou a mensalidade.

 

 

Maria Cristina Rodrigues