Bernard Golse, pediatra, pedopsiquiatra e psicanalista, considera que «o bebé em si mesmo é um mundo». Cabe aos pais ajudar a que o encontro entre o mundo do bebé e o mundo cheio de sensações que ele descobre à nascença seja possível e frutuoso, isto é, temos de ajudar o bebé a construir-se e a tornar-se pessoa.
Para tal precisamos de compreender melhor o seu mundo, para protegê-lo de riscos de uma sociedade capaz de «produzir objetos supérfluos e precários» e de os tornar indivíduos «inúteis e frágeis», ou, nas palavras de Ilana Novinsky, antropóloga e psicanalista, «indivíduos avulso», cuja falta de sentido existencial os deixa suscetíveis a ideologias englobalizantes num mundo solitário.
O bebé e os outros
Ilana Novinsky defende que antes de ser uma ação, o cuidar constitui uma atitude de respeito pelo outro, pela singularidade do bebé. «Cuidar implica tolerar o outro, porque quem não foi tolerado, isto é, aceite e recebido, tem muita dificuldade em tolerar».
É vital o compromisso e a responsabilidade também dos outros: família, amigos, sociedade, profissionais que podem desempenhar um papel protetor dos pais. Nelson Mandela dizia que «para se educar uma criança é necessário uma aldeia inteira».
A antropóloga Jean Liedloff, no seu livro The Continuum Concept, propõe a ideia de ser necessário criar uma «tribo», criando laços de interajuda e apoio mútuo com outras mães e pais no sentido de combater o isolamento a que a nossa sociedade cada vez mais nos remete, e criar os bebés em constante contacto com as mães – ou outro cuidador familiar – enquanto estas estão nas suas vidas, mas atentas e responsivas às necessidades sinalizadas pelos seus bebés.
Texto: Teresa Abreu
Com edição de: Ana Margarida Marques
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