A maioria dos pais tem dúvidas quanto aos cuidados que deve ter com os seus filhos, especialmente no que toca ao maior órgão do corpo. Segundo David Serra, dermatologista na Idealmed, em Coimbra, «poucos dias após o nascimento, a função de proteção já está muito bem estabelecida». Mas a nossa pele só adquire a plena função de proteção na adolescência, quando as hormonas sexuais entram em cena ajudando a «reduzir a secura da pele e a melhorar a sua função barreira».
Um estudo internacional realizado com o apoio da marca La Roche-Posay sublinha que a pele das crianças, ainda em fase de crescimento, é imatura e muito mais vulnerável às agressões externas, não dispondo de mecanismos de autodefesa como os que têm os adultos. Até essa fase do desenvolvimento, o especialista explica que «há todo um processo de aprendizagem do sistema imunológico que é gradual».
Compreender a sensibilidade cutânea
David Serra esclarece que a pele infantil é vulnerável à ação de agentes externos, porque «é mais fina e delicada do ponto de vista imunológico, o que faz com que surjam reações cutâneas com mais facilidade». Além disso, não produz tanta gordura como a dos adultos.
Daí que necessite de um reforço extra na reposição do filme hidrolipídico, essencial «para a integridade estrutural da pele». São nada mais do que aqueles compostos aquosos e lipídicos que existem à superfície da pele. Nas palavras do dermatologista, funcionam como «um isolante».
Agressões a evitar
A pele do bebé é tanto mais sensível, quanto maior for a intensidade e frequência das agressões a que estiver sujeita, nomeadamente agressões físicas (associadas à fricção e ao arranhar), químicas (contacto com detergentes e/ou cosméticos, entre outros) ou biológicas (insetos, ácaros e outros do gnénero). «Os agressores mais comuns variam em função da área corporal», adianta o especialista.
Quer dar banho aos seus filhos após as refeições? Vá limpando a cara enquanto lhes dá de comer, para «evitar sujar muito a pele». No rosto, os alimentos ácidos e as amplitudes climatéricas são as principais causas de irritação, ao passo que «na área da fralda, são, sobretudo, as dejeções». Se observar alterações na flora cutânea, e não estiver certa do que provocou essa mudança, consulte um especialista.
Estratégias para proteger a pele
É possível evitar irritações cutâneas e reduzir a exposição a fatores de agressão, adotando algumas estratégias. David Serra aconselha a vestir a criança com roupa confortável e adequada a cada estação. «Se está muito agasalhada e fica quente, o calor corporal e a transpiração podem aumentar a sensibilidade da pele, originando vermelhidão e comichão», clarifica.
Vai querer dar muitos passeios ao ar livre com o seu bebé, mas evite fazê-lo «com tempo muito quente e/ou com muito sol, ou com muito frio e/ou vento», recomenda. Quando os seus filhos começarem a fazer desporto, seja natação ou outra modalidade, tenha atenção à humidade excessiva. O dermatologista frisa que «a frequência de balneários favorece certos problemas da pele, como infeções fúngicas e víricas».
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Cuidados essenciais
Acima de tudo, devemos encontrar um equilíbrio nos hábitos de higiene, porque, em excesso, esse hábito «traz problemas para a pele». Neste sentido, o especialista, à semelhança de outros, recomenda:
- Dar banho diariamente ou de dois em dois dias (conforme a sujidade)
- Usar água tépida e produtos de limpeza suaves
- Secar bem as pregas do corpo do bebé, «como o pescoço, axilas, virilhas, braços, pernas e atrás das orelhas, com uma toalha macia, tamponando a pele e não esfregando»
- Mudar a fralda «logo após as dejeções»
- Aplicar um creme protetor específi co na área da fralda e, «se a pele for seca ou com tendência atópica, também deve aplicar-se um creme hidratante corporal adaptado»; manter as unhas «limpas e bem curtas»
- Terminar cada lavagem da roupa com «um bom enxaguamento, de forma a não ficar detergente nos têxteis»
Texto: Filipa Basílio da Silva
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