As crianças têm uma inocência pura que lhes dá uma delícia especial. Rendemo-nos perante as suas palavras, perante aquele raciocínio tão verdadeiro e tão sincero que por vezes nem sabemos como nem por onde começar a explicar. Desarmam-nos com uma linha de raciocínio tão coerente como directa, ficamos indefesos e rendidos perante aquele meio palmo de gente, a um metro do chão, que irradia uma sabedoria já por nós esquecida.
Prendem-nos com palavras simples, com ilações também elas simples, e fazem-nos regressar á um mundo mais fácil, mais concreto, com as prioridades fundamentais e básicas alinhadas e reorganizadas.
Conto aqui o que de mais delicioso ouvi esta semana:
Uma menina de 5 anos, andava muito empenhada a tentar fazer o discurso para o aniversário da sua querida amiga e avó adorada. Por fim, sentou-se e pediu à mãe para lhe escrever o finalizado e tão pensado discurso.
- "Gosto muito da minha avó. É muito minha amiga. Gosto tanto da minha avó como gosto dos animais!"
Intrigada, a mãe perguntou-lhe porque é que queria dizer isso:
- " Animais? Se calhar não devias dizer isso, não achas?"
A menina ficou calada, a olhar para a mãe, e sem dizer uma palavra.
Não querendo desistir, a mãe voltou a perguntar:
-"Então? Porque é que queres dizer que gostas tanto da avó como gostas dos animais?"
A menina, ainda meio calada, sem perceber realmente o que lhe estavam a perguntar, respondeu:
-" Mas não há nada melhor do que gostar dos animais pois não?"
Marta Andrade Maia
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