A Rainha Isabel II falou à nação britânica, numa rara aparição televisiva dirigida à Comunidade das Nações (Commonwealth). A monarca diz falar ao país "numa altura difícil", que "trouxe dor a alguns, dificuldades financeiras a muitos e mudanças enormes na vida quotidiana de todos", naquela que é apenas a sua quarta comunicação especial à nação no seu longo reinado (excetuando as mensagens de Natal).

"Estamos a combater esta doença juntos e quero assegurar-vos que, se permanecermos juntos e firmes, vamos ultrapassá-la", disse.

A rainha recordou, ainda, o primeiro discurso que fez, pela rádio, em 1940, ajudada pela irmã, numa emissão de rádio dirigida às crianças deslocadas de Londres para o campo para evitar os bombardeamentos da Segunda Guerra Mundial: "Nós, ainda crianças, falámos a partir daqui, de Windsor, para as crianças que tinham sido retiradas de suas casas e levadas, para sua segurança. Hoje, mais uma vez, muitos vão sentir um doloroso sentimento de separação dos seus entes queridos. Mas, tal como na altura, sabemos que é o correto", lembrou.

"Devemos encontrar conforto no facto de que, embora ainda tenhamos que sofrer mais um pouco, melhores dias voltarão: estaremos com os nossos amigos de novo; estaremos com a nossa família de novo; vamos encontrar-nos de novo", acrescentou a monarca, que completa 94 anos este ano.

A rainha lembrou que esta luta não é só dos britânicos. "Embora tenhamos enfrentado dificuldades antes, esta é diferente. Desta vez juntamo-nos a todas as nações ao redor do globo num esforço comum".

A mensagem, preparada juntamente com o governo, pretendeu expressar confiança e solidariedade ao país, evocando o espírito de coesão nacional numa altura em que as autoridades exigem aos britânicos o respeito pelas regras de confinamento para evitar a propagação do vírus.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, mesmo em isolamento por ter sido contagiado, insistiu nos apelos às pessoas para ficarem em casa e hoje, numa entrevista à BBC, o ministro da Saúde, Matt Hancock, avisou que as medidas poderão ser reforçadas para evitar abusos.

De acordo com a BBC, a mensagem da rainha foi gravada antecipadamente por um operador de câmara apenas vestido com equipamento de proteção, enquanto a restante equipa técnica permaneceu noutra sala.

Além do tradicional discurso de Natal, esta foi a quarta vez, em 68 anos de reinado, que a monarca recorreu a uma alocução televisiva para se dirigir aos súbditos em Inglaterra e nos 53 países membros independentes que integram a Commonwealth.

As outras ocasiões foram um discurso em 2012, aquando do 60.º aniversário desde a coroação, intervenções nas vésperas dos funerais da mãe, em 2002, e da princesa Diana, em 1997, e aquando do início da Guerra do Iraque, em 1991.

Isabel II já tinha publicado uma mensagem sobre a crise da pandemia da COVID-19 em meados de março quando antecipou a mudança sazonal do Palácio de Buckingham para o castelo de Windsor, com o marido, o príncipe Filipe, de 98 anos, mas separada da restante família.

O filho e primeiro herdeiro na linha de sucessão ao trono, o príncipe Carlos, encontra-se na propriedade real de Balmoral, onde esteve isolado durante duas semanas por ter contraído o vírus, enquanto o neto e segundo na linha de sucessão, o príncipe William, está na região de Norfolk com a respetiva família.

De acordo com o balanço feito hoje, o Reino Unido registou nas últimas 24 horas mais 621 mortes de pessoas infetadas, elevando o número total de óbitos durante a pandemia COVID-19 para 4.934, indicou o Ministério da Saúde britânico.

O número de pessoas infetadas aumentou para 47.806, após diagnosticados mais 5.903 casos positivos em todo o país, que inclui Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.

Leia Também: Rainha de Inglaterra pede determinação em rara aparição televisiva