Depois de Graça Freitas, diretora da Direção Geral de Saúde, foi a vez de o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, ser recebido por Cristina Ferreira na sua 'casa', esta sexta-feira, 24 de abril.

O encontro começou com o ministro a destacar que "estamos todos a adaptar-nos" a esta nova realidade que chegou com a pandemia da Covid-19 e que "é preciso ter muita humildade num momento como este", pois ninguém estava preparado para tal situação.

As perguntas de Cristina começaram com a abertura das creches e jardins de infância, que têm preocupado muitos pais. Sobre esta medida, Tiago Brandão Rodrigues destacou que "as crianças mais pequenas são menores transmissores deste novo coroanvírus", citando os profissionais que estão a estudar este novo vírus.

"Obviamente que é importante também irmos retomando a normalidade, mas sempre com todos os cuidados", salientou, referindo que "muitos países optaram por nem fechar as creches nem os jardins de infância".

Sobre as adaptações do ensino em casa, o ministro da Educação lembrou que "não nos podemos esquecer que muitos dos pais têm também o seu teletrabalho", reconhecendo que nem sempre é fácil gerir toda esta nova situação.

E não deixou de destacar: "Imaginem o que seria se na interrupção da Páscoa disséssemos que não ia haver mais escola. Íamos ter três meses, que é o que falta para terminar o ano letivo, e mais três meses de férias sem ensino, aprendizagem, sem nenhum tipo de monitorização por parte da escola, sem nenhum contacto com os seus colegas e com os seus professores... Imaginem a fatura que isto seria, o quão catastrófico seria no ensino de aprendizagem".

Apesar de ter noção de que os novos meios de ensino não são de acesso a todas as crianças, esta foi a "solução possível" que encontraram para chegar a um maior número de jovens. "Não é a ideal, é a solução possível", afirmou.

Falando especificamente da telescola, Tiago Brandão Rodrigues disse que apesar de os professores não quererem ser conhecidos ou estarem sob o olhar de todos os portugueses, "mesmo não querendo isto para a vida deles, foram os primeiros a dizer 'presente, estamos aqui'".

"Tudo surge numa semana e na semana a seguir tínhamos de estar a gravar", contou, detalhando o processo de preparação para esta iniciativa.

"O Ministério da Educação contactou um conjunto de escolas que habitualmente trabalha com a direção geral da educação e essas próprias escolas - seis públicas, duas privadas e a ciberescola - vieram até nós com os seus professores. [...] Construiu-se juntamente com a Direção-Geral da Educação um guião para cada um dos blocos temáticos, e estes blocos de 30 minutos tiveram de ser gravados sem cortes", partilhou.

Sobre o facto desta iniciativa estar a ser transmitida na RTP Memória, acrescentou: "Nós tínhamos de encontrar um canal que estivesse em todas as plataformas de televisão para que ninguém ficasse para trás. Muita gente só tem televisão digital terrestre e essas pessoas só têm 7 canais. A RTP ofereceu a RTP Memória para ocuparmos o canal durante todo aquele tempo".

Além disso, explicou também que as aulas estão a ser transmitidas no mesmo canal por ser uma melhor gestão para as casas que têm mais do que uma criança e não têm box para conseguirem 'andar para trás'. Se não fosse desta maneira, a gestão teria de ser mais complexa.

Uma iniciativa que começou esta semana e que recebeu um feedback "muito positivo". "Claro que depois as redes sociais fazem o seu trabalho e é quase como um rastilho. Todos opinamos, muitas vezes por trás de um nome que não é o nosso, que nos dá a liberdade de dizermos tudo e mais alguma coisa".

Além dos muitos relatos que o Ministério da Educação tem recebido de pessoas a revelarem que os pais - que não tiveram acesso à escolaridade - estão agora a acompanhar o ensino, também há reações positivas, por exemplo do Brasil, que dizem: "nós cá não temos esta oferta, estamos a seguir".

No entanto, salienta, a telescola não é a única maneira de os alunos terem acesso ao ensino em casa, pois as aulas através da Internet continuam a ser uma ferramenta usada pelas escolas.

Sobre o regresso do 11.º e 12.º anos de escolaridade, Tiago Brandão Rodrigues garante que ainda está a ser analisada esta decisão e se estes alunos voltarem à escola, será um regresso feito com todos os cuidados necessários.

O objetivo neste momento tem também sido reduzir as desigualdades, destacando o acesso às refeições disponibilizadas por algumas escolas num serviço take away - para ajudar os mais desfavorecidos -, que ao início contavam com dois mil alunos e que agora já são quase 11 mil. "Mostra bem as necessidades que as pessoas começam a passar".

Durante a conversa, não faltaram os elogios dos esforços das escolas, especialmente dos professores, que tiveram de se adaptar a esta "nova condição".

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