Sara Barradas usou as stories da sua conta de Instagram para esclarecer uma polémica que surgiu depois de um comentário que fez quanto ao seu cabelo. O mesmo encontrava-se repleto de tranças (um penteado que a atriz garante fazer desde pequena) quando Sara afirmou que parecia uma "esfregona".

"Para quem me conhece, sabe que eu não sou, naturalmente, uma pessoa conflituosa. Não sou de alimentar discursos de ódio contra mim ou contra outros. As minhas escolhas pessoais sempre incomodaram muita gente, mas como nunca prejudicaram ninguém eu não sentia essa responsabilidade", começa por dizer.

"Para quem não sabe, eu trancei o cabelo pela enésima vez na minha vida, desde pequena que gosto de fazer tranças. Quando somos pequenos somos desprovidos de maldade, de preconceitos, significados históricos. Quando crescemos é que aprendemos o que tudo isso é, infelizmente", nota.

"Agora sei que incomoda muita gente o facto de eu fazer tranças no meu cabelo. Sei que há sempre quem ache que a cor da minha pele não é merecedora de tal penteado, pela sua origem, pelo seu significado, mas eu sei sim qual a origem das tranças, qual o significado, sei o que é apropriação cultural", defende.

"Contudo, quando faço tranças e como gosto tanto de as fazer, caso contrário não as faria, não gosto de pensar no passado. Gosto de pensar no futuro, sem esquecer o passado, mas pensar no futuro", sublinha.

Entretanto, Sara fala do seu crescimento: "Quem não conhece as minhas origens não sabe que eu tive a sorte de crescer num bairro que me pôs em contacto com diferentes culturas, e ainda bem, ainda bem que pude crescer e definir a minha personalidade nessa pluralidade, porque acho que saímos todos mais ricos nessas interações. Interações essas que em tempos foram forçadas e desiguais, mas que agora caminham para um lugar cada vez mais justo. Pelo menos gosto de acreditar que sim e individualmente tenho essa preocupação".

"Acho também que não deveriam existir certas fronteiras na forma como nos sentimos, como nos expressamos, e quem me conhece sabe que sempre brinquei com o meu cabelo. Chamo o meu cabelo de repolho, de samarra, de juba de leão, vassoura e uma série de outras coisas, porque sempre tive o cabelo muito volumoso e fica uma coisa entre o engraçado e o ridículo", explica.

"Quando comentei na storie que o meu cabelo parecia uma esfregona foi uma coincidência infeliz na medida em que feri suscetibilidades e, desde já, peço desculpas a quem se sentiu ofendido, mas não foi de todo essa a minha intenção. Mas teria tirado a mesma foto e feito o mesmo comentário sem as tranças, como já fiz de outra vez e ninguém teria falado sobre isto. Quando faço outros penteados é apenas porque gosto, porque me quero sentir um bocadinho diferente num pequeno período de tempo e também gosto que sejamos livres para o poder fazer, sem um significado histórico propriamente dito e sem ignorar a história" afirma.

"Seria sempre em tom de homenagem, nunca o contrário. Acho estranho terem pensado que fiz tranças sem gostar, ou para diminuir alguém. Somos todos um. Não podemos alterar o passado, mas podemos alterar o futuro. Para mim o fenómeno da apropriação cultural deveria caminhar numa direção mais positiva, do que negativa. Deveria assemelhar-se ao conceito de aculturação que é alguém de uma cultura definida que entra em contacto permanente com outra cultura e se adapta a ela, ou então retira dela elementos culturais de uma forma positiva", diz ainda.

Por último refere: "Sim, eu desativei os comentários, vieram também criticar-me por isso porque não gosto de alimentar certos discursos de ódio. Não quero fazer discursos moralistas, não quero mudar a opinião das pessoas que me ficaram a odiar porque eu disse que o meu cabelo parecia uma esfregona, mas queria esclarecer de alguma forma a situação, queria mostrar o meu lado para quem quiser ouvir, claro".

Leia Também: Sara Barradas termina viagem de autocaravana: "Vou repetir de certeza"