Uma vez que esta quarta-feira, dia 11, assinalou-se o Dia Nacional do Coming Out nos Estados Unidos, Rui Maria Pegô decidiu contar aos seus seguidores como foi o momento em que contou aos pais que é homossexual.

“Sempre tive um problema com a expressão ‘coming out’ ou ‘sair do armário’. O ‘assumir’ também não me cai bem. Acho o ‘confessar’ horrível. Toda esta terminologia pressupõe um segredo; uma vergonha; um pecado escuro e sombrio que deve ser posto de lado a todo o custo. Foi assim que cresci até aos 19 anos quando acabei por contar aos meus pais, lavado em lágrimas, cheio de medo de rejeição e com uma sensação de perigo iminente, que ‘gostava de rapazes’”, começou por recordar o filho de Júlia Pinheiro e Rui Pêgo na sua página do Facebook.

No entanto - segundo o apresentador - antes de falar com os pais, contou a “alguns amigos” e, “mais tarde, às pessoas com quem trabalhava”.

Há muita solidão neste processo. Não é simples e deixa nódoas na alma durante anos. No meu caso, tenho a sorte de viver rodeado de pessoas que me amam. E de ter nascido de pais que são inteligentes, sensíveis e com a noção do que é gostar”, acrescentou, frisando que não é uma pessoa “especial”, mas sim “um homem igual a tantos outros que tem um megafone nas mãos”.

Na mesma publicação, Rui Maria Pêgo partilhou ainda o vídeo que antecedeu a entrega do prémio recebido no ano passado - Prémio Arco Íris - pela Associação ILGA-Portugal.

“Não fazer alguma coisa quase nos 30 era voltar a contribuir para a tristeza do Rui Maria dos 12 que controlava os gestos, os gostos, a voz, na esperança de ser aceite. Aquilo que aconteceu há um ano está explicado neste vídeo. A minha motivação foi mostrar que não, não é aceitável que alguém seja diminuído por gostar de alguém do mesmo sexo. Ou por ter uma pele que não é branca”, continuou.

Antes de terminar, o apresentador revelou que recebe “todas as semanas mensagens cheias de dor de rapazes, raparigas e tudo o que há pelo meio”.

“Todos se tentam descobrir numa sociedade que é nos diplomas aberta, mas na rua violenta. Ainda hoje ouvi gritar de um táxi palavras que só costumo ouvir no cinema português. Gay ainda é usado como um insulto. É por isso que sei - e não é por ter ganho um este prémio da ILGA-Portugal em 2016, mas obrigado por isso -, que fiz bem. Há ainda muito medo e, sobretudo, muito ódio. Cabe-nos ajudar a matar a vergonha”, rematou.