Se a sua mulher detém o recorde de longevidade no trono, ele foi o príncipe consorte que mais ostentou este posto, desde 2009, quando superou Charlotte, esposa de George III. "É a minha rocha. Tem sido a minha força e a minha âncora", declarou a rainha, pouco inclinada a demonstrações de afeto em público.
Em 2017, Philip retirou-se das atividades públicas após ter participado em mais de 22.000 atos oficiais.
Mas o seu principal valor foi ser "o único homem do mundo a tratar a rainha como um ser humano, de igual para igual", afirmou certa vez Lorde Charteris, ex-secretário particular da Sua Majestade.
Alto e empertigado, algo distante das exigências do protocolo, Philip assumiu o seu papel secundário no reinado nos melhores e piores momentos.
Segundo admitiu, foram muitos anos a tatear e a aprender a encontrar o seu lugar à sombra da rainha e no coração dos britânicos, e no fim conseguiu um alto índice de popularidade, como a sua esposa. E, apesar de algumas confusões, sempre voltou à razão. Como em janeiro de 2019, quando um acidente de trânsito revelou que ainda conduzia aos 97 anos. Apesar das críticas, voltou ao volante dois dias depois e sem cinto de segurança. Mas, passadas três semanas, cedeu à pressão e entregou a sua carta de condução.
- Sem papas na língua -
Uma tribo de Vanuatu chegou a venerá-lo como divindade ligada aos espíritos do vulcão Yasur. O seu temperamento foi efetivamente vulcânico, sem qualquer consideração pelo politicamente correto, apesar de ter ficado mais calmo nos últimos anos.
Na Austrália em 1960, um homem chamado Robinson abordou-o e confessou: "A minha esposa, doutorada em Filosofia, é muito mais importante que eu". "Temos o mesmo problema na minha família", retorquiu o duque.
Noutra oportunidade, um menino afirmou que desejava ser astronauta e Philip disse-lhe que ele estava demasiado gordo para voar.
Ao ser questionado se desejava visitar a União Soviética, respondeu: "Adoraria visitar a Rússia, mas essas pessoas assassinaram metade da minha família", referindo-se ao destino dos Romanov.
A um instrutor de uma escola escocesa de Oban, perguntou: "Como é que faz para manter os nativos suficientemente longe da bebida e aprová-los no exame?".
- Uma infância traumática? -
De ascendência alemã, o duque nasceu príncipe da Grécia e da Dinamarca, em 10 de junho de 1921 na ilha grega de Corfu. Foi o quinto filho de Alice de Battenberg e Andrew da Grécia. A família fugiu quando ele tinha 18 meses, após a proclamação da república grega, e procurou refúgio em Paris.
O pai era frequentador dos casinos de Monte Carlo. A mãe, depressiva, entrou para um convento. Philip tinha 10 anos. Deixado com parentes distantes, estudou em colégios em França, Alemanha e Grã-Bretanha até ser enviado para um austero internato escocês.
Ingressou na Marinha Real britânica e participou ativamente nos combates durante a Segunda Guerra Mundial no Oceano Índico e no Atlântico.
Era um jovem de 18 anos quando conheceu Isabel antes da guerra. Lilibeth, como lhe chamava a mãe, tinha 13 anos e apaixonou-se por Philip. Os dois casaram oito anos depois, em 20 de novembro de 1947. Philip, nomeado duque de Edimburgo, teve que renunciar aos títulos de nobreza anteriores e a sua religião ortodoxa, convertendo-se à Igreja Anglicana.
Em fevereiro de 1952, a morte prematura do seu sogro, o rei George VI, marcou o fim da sua carreira de oficial na Marinha e deu início ao período como príncipe consorte.
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