“O meu filho era um miúdo feliz e desde criança tinha sempre um sorriso no rosto”, disse hoje Milton Angélico, pai do cantor falecido aos 28 anos, em 28 de junho de 2011, na sequência de um despiste na auto-estrada Porto-Lisboa.

Num depoimento exibido esta manhã na TVI, Milton, que regressou da Angola logo a seguir ao desastre e que por cá ficou para dar apoio a Filomena Vieira, mãe de Angélico, fez uma mão-cheia de curiosas revelações. Aqui ficam algumas:

. “Fiquei em Portugal porque sinto que era isso que o meu filho queria. Se ele pudesse falar comigo diria: “Pai, toma conta da mãe. Não deixes a mãe sozinha, desamparada”, e é isso que estou a fazer, a tomar conta da Mena. Porque sei que ele não ia querer a mãe sozinha, adorava-a e tinha um sentimento de proteção muito grande em relação a ela.

. “A Mena (Filomena Vieira) fez um excelente trabalho na educação do meu filho, mas havia coisas de que ele só falava comigo. Quando era preciso falar de miúdas, ele ligava-me e conversava comigo. Quando me apresentou a Rita (Pereira) perguntou-me: “Pai o que é que achaste?”. Eu disse-lhe: “É simpática, filho, é bonita e bem-disposta. Agora é preciso conservar…”

. “O Sandro (Angélico) era muito determinado. Quando queria uma coisa lutava por ela. Lembro-me de que de uma das vezes em que eu estava em Portugal ele me disse que também queria ter músculos como eu. Comprei-lhe uns pesos e ofereci-lhos. Passados uns dias tive de ralhar com ele porque passava o dia no quarto a exercitar-se. Continuou determinado e de cada vez que estávamos juntos dizia-me: “Pai, mede lá o meu braço para ver se já está igual ao teu”.

. “De vez em quando o telefone tocava e lá estava o meu filho: “Pai, estás com voz de sono. Estavas a dormir? Eu estou em Miami. Pai, ainda te vais orgulhar muito do teu filho”. Eu tinha muito orgulho nele, olhava e via um miúdo bonito, com bom aspeto, inteligente e bem formado. Muito orgulho…

. “Quando começou a usar o cabelo mais comprido, as calças de cintura descida, falei com ele: “Filho, que cabelo é esse? Essas roupas…”. E ele com aquele sorriso: “Pai, tu estás desatualizado. Vens de Angola e achas tudo estranho. Tens de começar a vestir outras coisas, mais modernas, estás muito antiquado”.

. “Perdi uma parte de mim. É isso que eu sinto. Mas sei que tenho de ter força para tomar conta da Mena que está tão fragilizada e por isso continuo a sorrir…”