Olivia de Havilland, a última sobrevivente da era dourada de Hollywood, faz hoje 104 anos. Apesar da idade, continua com pelo na venta. Em 2018, não gostou de ver a atriz Catherine Zeta-Jones a interpretá-la na primeira temporada da série de televisão "Feud", intitulada "Bette and Joan", que recordava a rivalidade entre as atrizes Bette Davis e Joan Crawford. Processou o canal de televisão FX e a produtora Ryan Murphy Productions, alegando que não tinha autorizado a utilização do seu nome.
Perdeu em tribunal mas levou a dela avante, como fez em muitos momentos decisivos da sua vida. Nasceu em Tóquio, no Japão, onde o pai, dono de um escritório de advocacia especializado em patentes, trabalhava, a 1 de julho de 1916. Três anos depois, a família mudou-se para Inglaterra. Na adolescência, fez teatro amador e apaixonou-se pela representação. Olivia de Havilland brilhou em filmes como "E tudo o vento levou", "A herdeira" e "O fosso das víboras". "Fui uma estrela mas também uma escrava", desabafou a artista numa entrevista intimista que deu em 2009. "Entrava muito cedo e trabalhava até muito tarde", recorda.
"No meu primeiro ano [de contrato], tive de fazer cinco filmes. O pouco da vida privada que me restava pertencia aos promotores do estúdio", lamentou, então, ao site Independent.ie, enquando saboreava uma taça de champanhe. Apesar do êxito, foi-se desencantando com a profissão. "Hollywood tornou-se num lugar muito deprimente no início da década de 1950", critica. É nessa altura que se muda para França. Vive perto do Bois de Boulogne, nos arredores de Paris, num prédio de quatro andares.
Olivia de Havilland, irmã mais velha da atriz Joan Fontaine, falecida em 2013 com 96 anos, com quem se viria a incompatilizar, deixou de representar em 1986. Tinha 70 anos quando se reformou. "Sinto-me a sobrevivente de uma época que as pessoas já não compreendem. As pessoas esquecem-se que a América, na década de 1930, era muito diferente. Ainda não era a potência mundial que é hoje", afirmou. "Sinto-me grata por poder ter feito muitas das coisas que ambicionava fazer", ressalva, contudo.
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