Foi com grande emoção e enorme saudade que numerosas figuras dos mundos da literatura, televisão, espectáculos e política disseram, ontem à tarde, adeus à romancista, poetisa, actriz e realizadora Rosa Lobato de Faria. Uma extraordinária mulher que, aos 77 anos, deixou o nosso convívio na sequência de uma forte infecção intestinal, agravada por uma anemia.
Apesar de ser uma figura mediática, os filhos e netos da escritora fizeram questão de realizar uma cerimónia íntima e longe dos olhares do grande público, não permitindo a recolha de qualquer imagem no interior da Igreja de Santa Isabel, no Rato, em Lisboa, onde decorreu o velório, e no Cemitério dos Olivais, onde Rosa Lobato de Faria foi cremada, conforme o desejo que expressou antes de morrer.
"Ela disse que queria ser cremada e é isso que será feito. Infelizmente não foi possível cremá-la no Alto de São João, porque disseram que não havia vagas e que as cremações tinham de ser marcadas previamente. Como se fosse possível adivinhar quando se vai morrer...", desabafou a SapoFama, num misto de dor e raiva, João Sacchetti, filho da malograda escritora.ROSAS E MUITA EMOÇÃO
A maioria dos actores, políticos e escritores que se deslocaram à igreja foram parcos em palavras e optaram por ficar apenas na igreja o tempo indispensável para transmitir as condolências e pesar à família. Apenas o círculo mais restrito de amigos da escritora assistiu à missa que foi presidida pelo padre Tolentino Mendonça, que também é poeta, tendo o sacerdote subordinado a sua homília ao tema "Deus e os artistas".
A leitura de um poema de Rosa Lobato de Faria, escrito em 1984, sobre a morte, foi um dos momentos mais emotivos das cerimónias fúnebres, tendo sido declamado pelo filho Nuno Franco. Em homenagem à escritora, filhos e netos exibiam rosas nas mãos ou nas lapelas.CHUVA DE ELOGIOS
Maria Barroso, esposa do ex-presidente da República, Mário Soares, foi uma das inúmeras figuras públicas que foi dizer adeus à escritora: "Gostava muito de a ver e ouvir. Era uma pessoa que ainda tinha muito para dar à cultura e muito para escrever. Não éramos íntimas, mas tinha uma grande admiração por ela."
Guilherme d'Oliveira Martins, ex-ministro da Educação, das Finanças e da Presidência, salientou que "Rosa Lobato de Faria era uma pessoa extraordinária e uma grande poetisa." Para o duque de Bragança, Duarte Nuno, o desaparecimento da escritora "representa uma enorme perda para a cultura portuguesa".
O conhecido declamador e actor Vítor de Sousa não escondeu a dor que sentia: "Ainda estou chocado. Sempre que eu tinha um problema era a ela que recorria e sempre recebi ajuda. Sabia que ela estava mal, mas nunca pensei que a sua morte estivesse tão perto."
A actriz Isabel Medina, o professor, político e comentador Marcelo Rebelo de Sousa, o ex-bastonário da Ordem dos Médicos, Germano Marques de Sousa, a dona da cadeia de cabeleireiros Isabel Queiroz do Vale e as escritoras Alice Vieira, Rita Ferro, Catarina Fonseca, Luísa Beltrão e Leonor Xavier, que, juntamente com Rosa Lobato de Faria formavam o "Grupo das Seis", foram algumas das figuras públicas presentes nas cerimónias de adeus à romancista e poetisa.
Veja uma selecção de imagens captadas pelos nossos repórteres fotográficos no velório e no funeral de Rosa.(Texto: Carlos Tomás)
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