Como vai ser o seu Natal este ano?
Vai ser como todos, em família, na minha casa. Os meus pais estão a chegar do Brasil e estou muito feliz. Vou passar o Natal com eles, com a família mais próxima e os amigos mais chegados, como a Ana (cantora). Somos poucos e bons e cumprimos as tradições todas, do bacalhau ao peru.
Já tem planos para a passagem de ano?
Tenho um espectáculo programado, mas ainda depende de um tratamento de quimioterapia que vou fazer, pois nos quatro ou cinco dias seguintes não não sei se vou estar bem.
Como estão a correr esses tratamentos?
Vou a meio das sessões de quimioterapia, que vão ser seis. Depois faço a radioterapia, ainda não sei bem quantos tratamentos serão, penso que mais seis. Mas já cheguei a meio! Está quase.
Como se sente nesta fase? Sabemos que os tratamentos não são nada fáceis...
O tratamento de quimioterapia, em si, não custa nada. É como se estivéssemos a levar um soro e eu sinto-me muito confortável. No dia a seguir é quando sentimos o cansaço. O tratamento mata as células más e as boas e é impossível a pessoa sentir-se no seu ponto de energia máximo. Felizmente não sou das pessoas que vomitam, só tenho más disposições. Mas incomodam-me cheiros e não posso com perfumes. Parece que estou grávida (risos).
Tem estado, com certeza, com pessoas que estão a passar pelo mesmo. Já tirou algum ensinamento desta situação?
A lição que tirei é quando as pessoas me dizem no Facebook ou na Comunicação Social que sou uma heroína ou uma guerreira, a verdade é que não sou só eu. Somos todos quantos passamos por esta situação e só quem passa é que sabe. Só o facto de querermos lutar contra, já é um acto heróico. E, por exemplo, um grande herói, apesar de não ter ultrapassado, continua a ser o nosso António Feio. Heróis somos todos aqueles que passamos por esta situação.
Disse que ia assumir a sua careca, mas agora vem aí o frio...
Com a careca é igual, só passando por isso (risos). Dentro de casa não aguento estar de boina e fora de casa não aguento estar sem boina. Peruca é impossível. Aperta, é incómodo, não me sinto eu e temos de nos sentir bem. Usar lenços faz-me lembrar que estou doente e eu não quero ver-me doente. Carequinha, acho o máximo. A Mónica Sintra dizia-me no outro dia que parecia um "Nenuco" e eu achei muita graça porque pareço mesmo um em ponto grande.
Tem sido muito mimada?
Muito. Só mimos. E tenho de agradecer a todas as pessoas que me escrevem, que mandam mensagens para o Facebook e mails, aos amigos que me telefonam e a toda a Imprensa. Tenho sido muito acarinhada e tem sido muito importante para eu levar as coisas com este optimismo todo. Todas as palavras amigas e todos os mimos são poucos. Eu também cada vez mais mimo as pessoas, sobretudo as que compartilham isto comigo, as que estão a passar pelo mesmo ou que já ultrapassaram a situação. Mimamo-nos todas umas às outras e isso é fantástico.