Nick Guthe deu uma entrevista à CNN onde recordou a luta da mulher, a escritora Heidi Ferrer, contra a Covid-19. Meses antes de a companheira colocar um ponto final à própria vida, esta sofreu de sintomas debilitantes.

Tudo começou no verão do ano passado, com uma dor "insuportável e inexplicável" nos pés, disse Nick Guthe a Alisyn Camerota da CNN, esta quarta-feira.

Depois, seguiram-se problemas digestivos. Heidi sofreu com dores no corpo e o seu coração disparava sempre que saía da cama. Várias semanas antes da sua morte, no mês passado, começaram os tremores que não a deixavam dormir durante mais de uma hora de cada vez, detalhou o marido da escritora.

Os médicos tentaram obter respostas, mas apontavam para outras causas, nenhuma que parecesse corresponder ao que Ferrer estava a viver, lembrou Guthe.

Demorou meses até conseguir fazer exames mais precisos que eventualmente levaram Ferrer a ser encaminhada para um ala de casos de Covid. A carta para a referida ala chegou um dia antes da sua morte, revelou o marido.

"É tão difícil fazer as pessoas prestarem atenção nas pessoas com Covid de longa duração", afirmou.

Heidi terá sido um dos casos da doença em que as pessoas enfrentam os sintomas persistentes após a luta contra a Covid-19. Segundo a CNN, o diretor do National Institutes of Health, Francis Collins, explicou no início deste ano que uma pesquisa preliminar descobriu que cerca de 10 a 30% das pessoas que tiveram Covid-19 podem desenvolver problemas de saúde de longa duração.

Guthe contou ainda que a mulher tomou a vacina contra a Covid em março, depois de ouvir testemunhos dizerem que o medicamento ajudou a melhorar alguns dos seus sintomas. Mas, no caso da escritora, não ajudou.

Os tremores continuaram a mantê-la acordada à noite e no último mês de vida, Guthe disse que a mulher tinha uma névoa cerebral que tornava até mesmo a leitura de um livro "quase impossível".

"Ela disse que se as coisas ficassem realmente más, não sabia como poderia continuar. Ela não sabia como poderia continuar, e eu apenas continuei a dizer, 'espera, a ciência está avançar a um ritmo mais rápido de todos os tempos'", recordou.

"Mas acho que ela sentiu que só ia ficar pior, que ia perder a capacidade de andar, acabar numa cadeira de rodas, não conseguir tomar banho sozinha", acrescentou.

Esta quarta-feira, Nick destacou que passou a mesma mensagem de esperança a outras pessoas que estão a enfrentar o que a mulher passou.

"Acredito que a ajuda está a caminho, mas precisamos que o nosso governo intervenha agora e financie pesquisas imediatamente e forneça serviços de apoio à saúde mental para as pessoas como ela", realçou.

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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades:

SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545

Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707

Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535

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