Sempre cheio de imaginação, Marcelo Rebelo de Sousa inventou um método infalível para convencer os seus quatro netinhos de que o Pai Natal existe mesmo. Ao contrário do que acontece em muitos outros lares, em que um dos membros da família se disfarça à pressa de Pai Natal e é facilmente desmascarado pela argúcia das crianças, o avô Marcelo faz a coisa com requintado profissionalismo...

Segundo nos contou o ilustre professor, comentador e político, o truque de Marcelo passa por três etapas fundamentais: primeiro, convidam-se as crianças a escreverem as tradicionais cartinhas ao Pai Natal; depois, levam-se as cartas e os miúdos até ao marco do correio, para eles verem, com os seus próprios olhos, que as missivas seguem mesmo; e, finalmente, pede-se a um amigo que os netos não conheçam que apareça lá em casa na Noite de Consoada, devidamente disfarçado, com as tais cartinhas bem à vista e, claro, os respectivos presentes!

Nota-se à vista desarmada, quando faz estas curiosas revelações, que o avozinho Marcelo adora crianças em geral, e as suas em particular. Fala com ternura do Natal e revela que a festa, este ano, será em sua própria casa, em Cascais: "Temos uma tradição de rotatividade, e este ano calhou-me a mim. Incluindo os miúdos, somos 16 à mesa. Teremos o bacalhau da praxe, mas também mandei fazer peru, por causa das crianças. Em Portugal, não sei porquê, detesta-se o bacalhau quando se é miúdo e adora-se quando se é graúdo..."

No Natal da família Rebelo de Sousa, os presentes são distribuídos antes do jantar de Consoada. Com quatro netos ainda muito novinhos à mesa (Francisco, Teresinha, Duarte e Madalena, o mais velho com apenas quatro anos), a ceia não pode prolongar-se noite dentro. Mesmo assim, há uma outra singular tradição na família: do mais novo para o mais velho, toda a gente discursa: "É para se irem habituando!...", explica Marcelo.

A noite acaba na Missa do Galo, este ano, em Cascais.