Lídia Franco aceitou o desafio da biógrafa Manuela Oliveira e conta, aos 70 anos, as suas “Histórias de Vida”, no âmbito do projeto “A minha vida dava um livro”. No dia do lançamento da obra, na Casa do Alentejo, em Lisboa, a atriz, mãe de um único filho, revelou ao Sapo Lifestyle que o seu maior arrependimento é o de não ter tido mais crianças.

Porque aceitou este desafio da Manuela Pereira em escrever a biografia?

Achei que poderia ser interessante. Ajudou-me a relembrar histórias da minha vida que já estavam arquivadas. Ao mesmo tempo, também fiquei com a noção de que, entre outras coisas que as pessoas possam encontrar de interessante neste livro, que vem acompanhado por fotografias da época, os jovens podem, de certa forma, acompanhar o que era a sociedade portuguesa naqueles velhos tempos.

Eram realidades muito diferentes?

Parece outro mundo em comparação com o Portugal de hoje. Acho que faz falta aos jovens terem esse conhecimento para saberem melhor quem são. Para poderem caminhar para o futuro, têm que conhecer muito mais o passado.

Foi muito difícil começar a ser atriz nessa realidade fechada à emancipação feminina?

Atriz, não. A maior dificuldade foi quando quis começar a aprender ballet porque, naquele tempo, foi quase impossível convencer o meu pai a deixar-me começar a ter aulas de dança. Já tinha 30 anos quando comecei no teatro e, nessa altura, foi exatamente o oposto, porque foi a seguir ao 25 de Abril. Houve uma explosão do teatro em Portugal, deixou de haver censura, as peças tinham muito mais a ver com a vida das pessoas.

Após esta viagem que fez ao passado, há alguma coisa que se tenha arrependido de não ter feito?

De não ter tido mais filhos.

Foi uma opção?

Não. Eu é que tive sempre a mania de ser obediente, o meu companheiro na altura não queria ter mais filhos e eu obedeci. Mas se fosse agora, não obedecia…

No final da sessão de lançamento do livro fez uma dedicatória muito emocionada ao seu neto. Porquê?

O meu neto é a grande paixão da minha vida… o meu Alfredo, que vai fazer dois anos em maio. Quando li o poema ele sentiu porque, no final, até se encolheu de vergonha…

O Alfredo trouxe-lhe um novo alento à vida?

As paixões não se explicam, sentem-se. É uma alegria, uma pureza, e uma responsabilidade a dobrar porque é um filho do meu filho. Ele é maravilhoso e é o estado puro do ser humano, no qual eu também me banho e me dá nova vida.

(Veja as fotos da sessão de lançamento do livro “Histórias de Vida”)