Em "Velocidade Furiosa 5", vai dar vida a um líder do narcotráfico carioca, homem de negócios corrupto e perigoso. Ou seja, volta novamente ao papel de vilão?    
Desta vez a diferença é que ele é brasileiro e eu falo português. O engraçado é que eu sou dos poucos actores do filme que sabe realmente falar português. Durante as filmagens dei por mim a fazer trabalho extra e a ensinar os outros a pronunciarem as palavras (risos). Até por isso foi uma experiência muito engraçada, porque apesar do filme se passar todo no Rio de Janeiro, só se filmou à volta de 5 dias lá. Era impossível parar o trânsito, por exemplo. Ou parar uma ponte durante uma semana inteira.
Qual é a relevância do seu papel no filme?    
É um papel que não é enorme, mas é um papel do qual os protagonistas estão sempre a falar ao longo do filme. No "Velocidade Furiosa 5" ninguém é bom. É um filme cheio de acção, de carros a voar por todos os lados, etc. (risos) É típico de um filme para jovens, vêem 2 ou 3 vezes e depois sabem tudo de cor.
Chateia-o ser tantas vezes convidado para fazer papel de vilão?
Sinceramente, houve uma altura em que dizia que não a filmes, e filmes grandes, para tentar sair dessa imagem do vilão. Mas confesso que depois acabei por chegar à conclusão que estava a perder muito dinheiro.
Joaquim, como se sente com mais esta oportunidade?
Temos que acreditar que há sempre lugar para nós. Quando um ano começa penso que pode não ser tão bom como o anterior, mas depois... No ano passado, por exemplo, acabei por fazer 4 filmes e entrei numa série de televisão. Foi óptimo. Graças a Deus as coisas acabam por acontecer. Há sempre trabalho que aparece e este ano vou trabalhar uma parte na Europa e outra parte aqui (Estados Unidos).
A POLÍTICA LÁ E CÁ
Isso não é bem assim. Muitos americanos fazem-lhe a vida negra. Não fez mais, ou não tem conseguido fazer, porque se opõem continuamente. É impressionante como a imprensa, que é controlada por republicanos, como a ‘Fox News', fala e mente descaradamente. Essa é a verdade.
Obama chegou à Casa Branca com imensas esperanças depositadas nele. Dois anos depois, os americanos ainda acreditam? Parece que ele (tal como todos os politicos) também não correspondeu às expectativas...    
Isso não é bem assim. Muitos americanos fazem-lhe a vida negra. Não fez mais, ou não tem conseguido fazer, porque se opõem continuamente. É impressionante como a imprensa, que é controlada por republicanos, como a ‘Fox News', fala e mente descaradamente. Essa é a verdade.
E a vida política portuguesa? Acompanha-a?    
Não tenho acompanhado muito a política em Portugal. Mas há um descontentamento grande, eu sei. Os escândalos são mais que muitos. A justiça não funciona. Tenho pena. Gosto muito do meu país. Gostaria de o ver com mais saúde, mas somos governados por dois partidos que não saem dos ‘jobs for the boys'.
SAUDADES DE PORTUGAL
Era diferente. Tínhamos acabado de ter uma revolução. Eu saí porque o Conservatório Nacional tinha fechado. Hoje em dia o meu filho tem 18 anos, está no último ano da escola americana, para o ano vai para a Universidade, em Inglaterra ou Escócia, ainda não decidimos qual. Os miúdos agora têm um espírito diferente. Ele não tem a loucura que o pai tinha com a idade dele. Portugal era pequenino para mim.
O seu filho Lourenço está quase com 18 anos... Nessa idade, o Joaquim deixou Lisboa e partiu "à aventura". Revê-se nele com aquela idade ou não?
Era diferente. Tínhamos acabado de ter uma revolução. Eu saí porque o Conservatório Nacional tinha fechado. Hoje em dia o meu filho tem 18 anos, está no último ano da escola americana, para o ano vai para a Universidade, em Inglaterra ou Escócia, ainda não decidimos qual. Os miúdos agora têm um espírito diferente. Ele não tem a loucura que o pai tinha com a idade dele. Portugal era pequenino para mim.
Como assim?
Aos 16 anos disse logo para mim próprio: "Tenho que sair". Tínhamos um país onde havia uma falta de liberdade enorme e quando se saía abriam-se os olhos. O meu filho gosta muito de estar em Portugal. Eu até queria que ele viesse estudar para os EUA, mas ele prefere estudar na Europa. Sente-se muito europeu, muito português e com um sentido de consciência grande. Decidiu ir para Economia, para ser economista e poder ajudar o seu país. Acho muito bem.
Portugal ainda o satisfaz?
Apesar de estar há 34 anos nos Estados Unidos, cada vez estou e gosto mais de Portugal, porque há aquelas coisas que ninguém esquece. País bonito, com sol, os melhores Verões que eu sempre tive, a comida que ninguém esquece e depois os amigos. Nasci português e sempre fui português. Dificilmente esquecemos o nosso país.