Ao ser questionado por Pedro Teixeira da Mota se sentia que havia "teatros que negam a presença dos seus espetáculos lá", João Baião confessou que "alguns sim".

"Há essa mentalidade em alguns espaços de acharem que aquele espaço tem de ser para uma estética muito mais profunda, 'não queremos cá teatro de entretenimento'", começou por contar.

"Não vou dizer nomes, mas acho graça... Por exemplo, há um espaço em que mesmo que tu próprio queiras alugar e pagares tu o aluguer do espaço, nem assim te dão", partilhou, referindo depois o Centro Cultura de Vila For, em Guimarães.

"Os espaços de cultura estão abertos à comunidade e as pessoas que estão a dirigir e a programar, se calhar, estão ali por intermédio da vontade do povo. E acho que um espaço aberto é como um canal de rádio e de televisão, tem de estar aberto às várias propostas", comentou de seguida.

"Há um programador de um teatro - que fez parte de uma banda popular dos anos 80/90 - que numa altura fez o espetáculo de comemoração dos 30 anos do Fernando Mendes, que é um espetáculo assumidamente de revista. Hoje em dia, sendo ele programador de um dos teatros, é um dos géneros que não aceita e só quer coisas profundo-intelectuais", disse depois.

"Eu não sofro, só lamento é que depois, nas redes sociais, tens as pessoas a dizer: 'Esteve em Faro, mas depois nós não somos ninguém? Não vêm aqui?' E não sabem que são algumas sas altas cabeças que [decidem]. Não têm de fazer avaliações, aquela sala é para servir a comunidade. Podes ter lá uma sessão de poesia, uma exposição de pintura, de escultura... Podes ter lá desde a comédia a grandes autores", destacou.

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De referir que, neste mesmo episódio do podcast, João Baião revelou de onde vieram os camelos da sua quinta.