
Foi através do Facebook que Albano Jerónimo partilhou uma situação que o deixou desagradado. O ator conta que foi convidado para estar na televisão para “comentar a situação dos artistas, da cultura e da massiva manifestação por todo este Portugal”.
“Iria falar do ‘novo’ modelo de apoio às artes, da precariedade da profissão, da urgência de um reforço orçamental para a cultura (1%), de que não existe um favor do estado (que fique claro) ao remunerar um serviço público à sociedade, e sobretudo que exista de facto uma política cultural séria, construtiva, criativa, perto dos artistas e que possa dar ao público a cultura que merece. Tudo isto, iria acontecer num telejornal de grande visibilidade ou audiência para o dito canal, ontem [sexta-feira, dia 6] às 19h. Aceitei, claro. Queria, e quero, dar a cara numa circunstância tão importante e delicada para todos nós, como tenho dado”, explicou.
No entanto, depois de ter estado no local a “aguardar pela sua vez para entrar em direto”, o ator foi avisado que afinal já não iria falar porque “não havia tempo” por causa da polémica que envolveu o presidente e os jogadores do Sporting.
“O tema futebol tinha ganho protagonismo e que segundo ‘ordens de cima’ (eras tu, Deus? Ou seria um consciente diretor de programas? Ou um diretor de informação emocionado com o Bruno de Carvalho ou com audiências? Ou seria o pensamento de ir atrás dos outros canais nas audiências e ratings da vida televisiva?!!!), tinham esgotado o tempo do noticiário. Já não tinham tempo para a cultura. Já não tinham tempo para a Cultura, repito. O futebol ganhou à cultura”, acrescentou.
Na altura, “reclamou” com o sucedido. “Retaliaram desculpando-se, de novo, com as ordens superiores. Acontece que perdi a possibilidade de estar presente na manifestação e o direito de expor publicamente a minha revolta e indignação, com os meus colegas de trabalho e luta. Esta situação é paradigmática no que respeita à importância que dão ao nosso trabalho e às nossas reivindicações - os ditos órgãos de comunicação social. Estes que deveriam dar voz, o exemplo da isenção, da crítica livre e plural, aos que querem e têm o direito de falar; para que nos oiçam. A situação na cultura em Portugal é grave, urge o reconhecimento do papel das artes e dos artistas na sociedade portuguesa. Mesmo que nos queiram ignorar, não nos calaremos perante essa obscenidade”, continuou.
De referir que na última sexta-feira vários artistas saíram à rua em vários pontos do país para protestaram contra o que dizem ser um momento de "descalabro da política cultural".
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