O tempo passa, mas há coisas que nunca se esquecem. Em 1992, acontecia no Brasil um crime que marcaria o país durante muitos anos e que esta semana, por motivos óbvios, foi relembrado. Guilherme de Pádua morreu no passado domingo, dia 7 de novembro, e com isso voltou a falar-se do assassinato macabro cometido pelo ex-ator.
Daniella Perez, filha da popular autora de novelas Gloria Perez, tinha 22 anos e vivia um momento de grande sucesso a nível profissional quando morreu às mãos de Guilherme de Pádua, com quem contracenava na novela 'De Corpo e Alma', e da esposa deste, Paula Nogueira Thomaz.
De acordo com a acusação, este crime que agora conta com mais de trinta anos foi cometido com base em vingança, dado que o ator tentava, alegadamente, assediar Daniella de forma a conseguir ter mais protagonismo na novela, que era escrita precisamente pela mãe da vítima. No entanto, a atriz que era casada, não retribuiu o interesse demonstrado pelo colega.
Em 'De Corpo e Alma', a primeira novela brasileira a ser emitida na SIC, Guilherme deu vida à personagem Bira, um jovem apaixonado por Yasmin, interpretada por Daniella. Este par romântico não agradava à esposa do ator, Paula Thomaz, que estava grávida de quatro meses.
Daniella Perez e Guilherme de Pádua na novela 'De Corpo e Alma'© Reprodução Twitter
No final de uma noite de gravações, Guilherme e Daniella foram vistos à saída dos estúdios Tycoon, no Rio de Janeiro, onde tiraram fotografias com alguns fãs. Horas depois, Daniella seria encontrada morta e o carro de Guilherme avistado perto deste local.
A presença da companheira do ator no local foi posteriormente confirmada. Paula estaria a sentir ciúmes deste par romântico da ficção e, de acordo com o que veio a ficar provado, também ela participou deste crime. Embora muito tempo tenha passado, há pormenores que ficaram por compreender e que, possivelmente, assim permanecerão para sempre. Daniella foi assassinada com cerca de 18 facadas junto do coração e a brutalidade deste crime levantou vários rumores sobre as suas motivações.
Se uns dizem que o crime foi cometido por ciúmes, outros acreditam que tudo se tratou de um ritual satânico e que alguns elementos encontrados em torno do cadáver de Daniella comprovam isso mesmo.
Guilherme, durante a confissão do crime, insistiu na teoria de que foi assediado pela colega, que ao ser rejeitada se tornou agressiva. Aí, as facadas haviam sido executadas como forma de se defender, referiu. Profissionais que trabalhavam na produção da novela revelaram, mais tarde, que era Guilherme quem assediava Daniella, que à época era casada com o também ator Raul Gazolla.
Guilherme de Pádua e Paula Thomaz foram, passados cinco anos do crime, condenados por homicídio qualificado. O ator recebeu a sentença de 19 anos de prisão, dos quais cumpriu apenas seis anos e nove meses. A companheira, de quem se divorciaria após a saída da cadeia, também cumpriu apenas seis anos da pena.
Já reintegrado na sociedade, Guilherme tornou-se pastor na Igreja Batista Lagoinha, em Belo Horizonte. Estava casado com Juliana Lacerda, nesse que foi o seu terceiro matrimónio. Morreu aos 53 anos, em casa, vítima de um ataque cardíaco. Já Paula Thomaz formou-se em direito e criou o filho de ambos, Felipe, que tem agora 29 anos.
Na sequência das informações associadas à morte de Guilherme de Pádua, houve uma que se destacou. Márcio Valadão, líder da igreja em que o ex-ator era pastor, deu a notícia através de um vídeo nas redes sociais e fê-lo de forma insólita. De sorriso aberto, disse o seguinte: "Ele foi preso, cumpriu a pena todinha, mas se converteu. Foi agora, agorinha, caiu e morreu".
A expressão do líder religioso foi um dos assuntos mais comentados do Twitter no Brasil e, embora o assunto seja Guilherme de Pádua e se saiba que o ex-ator deixou milhões de cidadãos indignados, há quem considere bizarra esta reação.
A verdade é que o velório do ator contou com a presença de uma multidão que fez questão de homenageá-lo, com a saída do caixão da igreja a ser aplaudida. Importa notar que a inocência de Guilherme de Pádua continua a ser defendida por muitos brasileiros.
Porque o tema foi, sem dúvida, um dos mais falados dos últimos dias, decidimos destacar as imagens da multidão em torno do velório de Guilherme de Pádua como a Imagem da Semana.
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