Nasceu a 2 de agosto de 1990 em Lisboa mas foi no mar de Sintra que passou grande parte da sua adolescência. Vice-campeão do mundo do ISA World Surfing Games em 2015, tem mais de 100.000 seguidores no Facebook e no Instagram. Em entrevista exclusiva ao Modern Life/SAPO Lifestyle, Nikolaus von Rupp, mais conhecido como Nic von Rupp, fala do início da carreira, das expetativas que recaem sobre ele e ainda da nova missão que acaba de assumir.
Como nasceu a paixão pelo surf?
Foi de uma forma muito natural. Cresci na Praia Grande [no concelho de Sintra] e sempre tive muita energia. Passava os meus dias de verão na praia e, um dia, dou por mim e estava em cima de uma prancha. Aconteceu por fases. Primeiro, um pessoa brinca na areia. Depois, brinca nas ondas e, de repente, quer uma prancha.
Daí passei para o bodyboard. De repente, já me punha em pé nas pranchas. Depois, passei para o surf e, de repente, ganhei um campeonato. Foi tudo muito natural, através da dedicação. Adorava fazer surf, acordava todos os dias de manhã cedo e passava o dia na Praia Grande.
O que é que o apaixona no surf?
Ser um desporto único e estarmos constantemente rodeados de natureza. Estamos isolados do mundo. Não há problemas, não há conflitos, é uma forma de viver. Um requisito para estar bem na vida. Eu costumo dizer que o surf é o nosso melhor amigo mas também o nosso pior inimigo porque, quando estamos longe do mar, precisamos dele como de ar para respirar.
Tem participado em alguns campeonatos. Como é que têm corrido?
Tem corrido bem. Uns anos melhor e outros pior. Em 2015, fui vice-campeão do mundo do ISA World Surfing Games, que é o órgão que está a levar o surf aos Jogos Olímpicos. E é como tudo… Nas competições, temos um fator que é o mar. Às vezes, as ondas vêm e às vezes não. Mas o mais importante é que o surf esteja a evoluir e que os resultados continuem a aparecer. E têm vindo a aparecer!
Quais são os grandes objetivos para 2017?
Adoro surfar ondas grandes e um dos grandes objetivos do ano passado era ser convidado para o campeonato do mundo de ondas grandes da Nazaré. Consegui ser convidado, não correu tão bem como estava à espera, mas identificam-me como uma das grandes promessas a surfar ondas grandes pelo mundo inteiro e o meu tempo virá.
O mais importante é continuar a evoluir. O objetivo para este ano é continuar atrás das maiores ondas do mundo e ir atrás dos títulos.
Como é sentir nos ombros o peso dessa responsabilidade de ser uma promessa?
É super-natural. Não custa nada. [risos] O que custa mais é acordar cedo e sacrificar o estar com os amigos, as horas de sono e os jantares de família para estar a treinar e melhorar a nossa performance. É preciso uma disciplina muito grande, como todos os desportistas.
Muito trabalho de ginásio, muita piscina… Tenho uma alimentação saudável em geral. Nada de refrigerantes nem de batatas fritas. Sempre tive em casa uma alimentação super equilibrada, com muitos vegetais. E, por isso, com essa parte nem me preocupo tanto, porque já é natural.
Veja na página seguinte: O que (não) mudou na vida do surfista
Agora tem outra missão que é a de promover hábitos saudáveis nomeadamente a proteção solar, uma vez que é o embaixador de uma marca de produtos fotoprotetores...
Esta parceria com a La Roche-Posay foi uma alegria para mim. Sempre estive consciente da preocupação com a intensidade do sol em Portugal. A minha mãe, desde sempre, que fez questão que pusesse creme solar e se, porque às vezes uma pessoa se esquece, chegava com um escaldão a casa, dava-me na cabeça. Hoje em dia, com 26 anos e mais maduro, é um orgulho poder passar a palavra à camada mais jovem.
A radiação UV está cada vez mais forte. Se há 20 anos era essencial pôr creme, hoje é ainda mais importante. E também é importante fazer um check-up dermatológico constante. É mesmo essencial. Eu faço um todos os anos. Já tive que tirar sinais duas vezes. É preciso estar permanentemente em cima porque os azares acontecem.
Tem muitos seguidores nas redes sociais. Vai também usá-las para passar esta mensagem?
Sim, sem dúvida! Sensibilizo-me com os praticantes do meu desporto que passam exatamente pelo mesmo que eu, muitas horas dentro de água. Vou fazer de tudo para os alertar do perigo da exposição solar desprotegida.
Quem é o Nic quando não está a surfar?
Sou exatamente a mesma pessoa. Sou uma pessoa simples, gosto de uma vida simples, sou amigo dos meus amigos, gosto de passar uma boa palavra, principalmente às pessoas que se estão a iniciar pelo desporto pelo qual me apaixonei há 20 anos atrás. Se me virem por aí, não tenham medo de me pedir qualquer tipo de conselho.
Texto: Luis Batista Gonçalves e Eva Falcão
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